Rússia: mulher que fez doação para ONG ucraniana é condenada a 12 anos de prisão
Uma mulher russo-americana foi sentenciada a 12 anos de prisão na Rússia, por ter realizado uma doação de US$ 51 (R$ 278) a uma ONG ucraniana. De acordo com a BBC, a bailarina amadora Ksenia Karelina se declarou culpada na última quinta-feira, 8, em uma sessão de julgamento realizada a portas fechadas.
De acordo com a emissora britânica, Karelina foi julgada pelo crime de alta traição e deve cumprir a sentença em uma colônia penal. Ela foi acusada pelo Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia de ter ajudado a arrecadar fundos para o Exército ucraniano. A pena inicial pedida pelos promotores era de 15 anos.
A bailarina, que se tornou cidadã estadunidense em 2021, morava em Los Angeles e trabalhava no spa de um hotel em Beverly Hills. Ela foi presa no início deste ano enquanto visitava a família em Yekaterimburgo, cerca de 1.600 quilômetros a leste de Moscou.
Seu advogado, Mikhail Mushailov, declarou que ela admitiu apenas a transferência do dinheiro e que acreditava que os fundos ajudariam as vítimas de ambos os lados do conflito. Ele disse à mídia russa que ela recorreria da sentença.
A BBC reporta que, segundo ativistas russos de direitos humanos, Karelina teria feito uma única doação, de US$ 51,80, em fevereiro de 2022. Acredita-se que o FSB tenha descoberto a transação em seu telefone.
A instituição de caridade contemplada pela doação, Razom for Ukraine, informou no início deste ano que ficou “consternada” ao saber da prisão da bailarina e negou ter arrecadado dinheiro para armas ou munições. A organização afirmou ter sido fundada nos Estados Unidos e focar seus esforços em ajuda humanitária.
O namorado de Ksenia Karelina, o boxeador Chris van Heerden, disse à CBS News estar esperando a volta dela há oito meses. “Ainda estou sentado aqui processando o que está acontecendo. Ksenia deveria estar em casa”, disse.
Troca de prisioneiros
Karelina foi julgada no mesmo tribunal que Evan Gershkovich, repórter do Wall Street Journal preso por espionagem que foi libertado no início deste mês, em uma troca de prisioneiros da Rússia com os Estados Unidos e outros países ocidentais.
“Houve uma troca de prisioneiros há duas semanas e Ksenia não estava nessa lista”, desabafou van Heerden. À ABC News, o advogado de Karelina disse que, após a sentença, ele buscaria que ela fizesse parte de uma próxima troca, o que foi um pedido da própria bailarina.