Rua Teresa: 4 mil demissões em 10 anos
A cada dia mais uma loja fechada, gerando mais demissões em Petrópolis. O maior polo de moda da cidade, a Rua Teresa vive um cenário de incertezas, que vem se arrastando pela última década. A queda do movimento, a mudança de comportamento do consumidor e o impacto da crise financeira vem prejudicando o comércio na cidade. Segundo Claudia Pires, presidente da Associação da Rua Teresa (Arte), nos últimos 10 anos, 400 lojas fecharam, o que provoca cerca de 4 mil demissões, considerando também os empregados que consequentemente são dispensados das confecções. Com base nesses dados é possível calcular 400 demissões no setor por ano. Apesar de estarem investindo em projetos para contornar a situação, Claudia afirma que é preciso também apoio do poder público para a realização de algumas ações, que podem ser essenciais para o resgate do polo de moda. Atualmente, a Rua Teresa tem 800 lojas abertas.
O ano de 2016 foi um dos mais difíceis para o comércio em Petrópolis. O cenário político e econômico que o país vive influenciou diretamente nas decisões dos consumidores, que inseguros com a instabilidade acabou optando por economizar e segurar os gastos. Mas para Claudia a crise que a Rua Teresa enfrenta não é só reflexo do que o Brasil vive agora, mas de uma série de intervenções que vêm acontecendo na última década. Uma delas foi a transferência do Terminal Rodoviário para o Bingen o que fez com que o movimento em Petrópolis diminuísse.
Das lojas, que estão em funcionamento atualmente, ela acredita que apenas 30% possua confecções. “Boa parte fechou, porque tem uma hora que não conseguimos mais arcar com os custos altos, que incluem os direitos trabalhistas”, disse. Com isso, a maior parte das empresas ou compram para revender ou têm alguém que produza.
No último domingo, a Tribuna noticiou que a cada duas horas um trabalhador do setor de confecções perde o emprego na cidade. A informação foi fornecida pelo presidente do sindicato do setor têxtil Jorge Mussel. Ao todo, foram 1.100 demissões. Ele revelou também que, pelo menos, 15 microempresas fecharam as portas este ano, além da Opção que reduziu sua capacidade de produção em 70%.
Vendas tímidas para o fim do ano
Mesmo nas vésperas do Natal, as expectativas não são das melhores. As compras dos presentes de fim de ano ainda estão tímidas, segundo a presidente da Arte. As chuvas que têm caído nos últimos dias, também não ajudam o setor. De acordo com Claudia, as lojas registram prejuízos, porque não vendem. Isso porque quem é do Rio, não sobe a serra nessas ocasiões, por medo de enchentes e deslizamentos. E quem mora em Petrópolis também não vai às compras. “A Rua Teresa é um polo a céu aberto e ninguém gosta de pegar chuva”, afirmou.
Sobre o tíquete médio de compra nos últimos meses, Claudia comentou que é de R$ 20. “Acima disso já consideram caro. Os clientes estão evitando gastar”, comentou. Ela acrescenta ainda alguns problemas de infraestrutura, como com estacionamentos e a própria aparência da Rua Teresa, que já é considerada obsoleta.