• Ronaldo Mourão, amigo, compadre e mestre

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  • 25/05/2019 12:00

    Ronaldo Rogério de Freitas Mourão nasceu no Rio de Janeiro (25/maio/1935); foi um dos grandes astrônomos brasileiros e certamente uma autoridade no assunto. A partir de 1952, começou a publicar artigos de divulgação científica na revista Ciência Popular. Bacharel e licenciado em Física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (1960) quando já era, desde 1956, auxiliar de astrônomo do Observatório Nacional. Obteve o título de doutor pela Universidade de Paris (1967), com menção muito honrosa. Em março de 1968, foi nomeado astrônomo-chefe da Divisão de Equatoriais do Observatório Nacional. Suas principais contribuições como pesquisador se referem ao campo das estrelas duplas, asteroides e estudo das técnicas de astrometria fotográfica. Muito conceituado na matéria, recebeu diversos prêmios no Brasil e no exterior, e seu nome foi dado ao asteroide 2.590, em maio de 1980, pelo astrônomo belga Henri Debehogne.  Em 1985, fundou o Museu de Astronomia e Ciências Afins. Colaborou na imprensa carioca, criando no Jornal do Brasil a seção ‘Astronomia e Astronáutica’. Autor de numerosos volumes sobre astronomia e divulgação da ciência, elegeu-se membro da Academia Luso-Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia (ambas em 1999).

    Isto quanto ao homem público. Para mim, no entanto, Mourão foi sempre um amigo muito querido, desde que nos conhecemos em 1976. Interessou-se especialmente por mim quando soube de minhas inclinações pela astronomia e ciências em geral. Mais que isso: auxiliou-me bastante em desenvolver e melhorar minhas parcas noções – meu longo poema, Antiuniverso (1994) não teria sido possível sem esse auxílio fundamental. Mais ainda: nossa amizade se fortaleceu de tal modo que minha esposa e eu acabamos padrinhos de seu filho Ronaldo Rogério de Freitas Mourão Júnior, nascido em 1981. 

    Por outro lado, fazia questão de me mostrar os originais de todos os artigos antes de publicá-los e sempre me presenteou com edições dos livros editados. Em suas viagens a Paris, comprou-me vários volumes da Pléiade, principalmente edições de Proust. Foi uma amizade sem fraturas ou decepções durante quase quarenta anos, dolorosamente quebrada em fins de julho de 2014. É natural, embora desagradável, que eu me sinta cada vez mais triste e abandonado pelos amigos mais íntimos e muito queridos. Que a imensidade do universo possa confortar a alma de Ronaldo Mourão.

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