• Rodrigo Santoro fala sobre desafio de ser grande navegador

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  • 07/07/2022 08:05
    Por Luiz Carlos Merten, especial para o Estadão / Estadão

    Aos 47 anos – que completa em agosto -, Rodrigo Santoro exibe invejável forma física. Não tem segredo: “Pratico muito esporte, estou sempre surfando e não dispenso meu tapetinho de ioga, que carrego para lá e para cá”. A forma física ajuda no trabalho de ator. Agora mesmo, nesta sexta, 8, estreia a série da Prime Video que Rodrigo fez na Espanha. Sem Limites, com direção de Simon West, baseia-se na primeira viagem de circum-navegação do globo que, por sinal, completa 500 anos em 2022. O autor da façanha foi um navegador português, Fernão de Magalhães, que conseguiu apoio na Corte espanhola para realizar a viagem. Quem era esse homem?

    “Sabia o básico sobre ele, que acreditava que seria possível chegar ao Oriente viajando sempre de Oeste para Leste. Do Oriente, vinham as especiarias, e Fernão não apenas conseguiu chegar à chamada ilha das especiarias, que não era uma ilha, como sua volta ao globo provou que a Terra era redonda. Ele já estava à frente no século 16!” Mas não foi fácil. Sua epopeia foi marcada pela dificuldade. Em 10 de agosto de 1519, partiram do sul da Espanha cinco navios com 250 marinheiros por ele capitaneados. Três anos mais tarde, regressaram apenas 18 deles, em condições precárias, no único navio que resistiu à travessia, liderados por um marinheiro espanhol, Juan Sebastián Elcano.

    PRONÚNCIA

    Rodrigo acredita em preparação. No caso de Fernão de Magalhães, havia o sotaque português e espanhol. “O castelhano que se fala na Espanha é diferente do latino-americano e do que se fala nos EUA. Os “Ss” têm uma coisa parecida com o th norte-americano. Então, eu me preparei para dar conta dos diálogos, mas também havia a questão essencial. Quem era Fernão? Pesquisando na internet e em livros, cheguei a uma historiadora que me abriu portas. Por intermédio dela, descobri até o diário de viagem do italiano que documentou a jornada. Mas ainda havia o essencial, o homem. Fernão era órfão, não fazia parte das altas esferas da corte portuguesa. Acreditava na missão, e que havia um estreito para se chegar ao outro lado do mundo. Comecei a construí-lo na minha cabeça.”

    ‘O que importa são os personagens e a história que está sendo contada’

    Rodrigo Santoro não vê muita diferença entre filmes e séries. “São trabalhos, o que importa são os personagens e a história que está sendo contada. A diferença é que, nas séries, temos mais tempo para desenvolver o que nos filmes, em duas horas, pode ficar mais curto e direto.” Ele conta que a maior dificuldade, durante a pandemia, foi filmar Sem Limites com todos os protocolos de segurança. Já conhecia o ator Álvaro Morte, que faz Juan Sebastián Elcano, o segundo personagem em importância da trama – o navegador que leva os poucos marinheiros que sobraram da expedição de volta à Europa. “A trama baseia-se muito na nossa relação e eu já o havia visto na série espanhola La Casa de Papel, que é muito boa.”

    A morte é um tema forte em Sem Limites. “Emocionei-me em cenas decisivas da relação dos personagens.” Sobre falar português em cena, ele conta: “Era tudo em espanhol, mas consegui que o Fernão falasse português com o Duarte Barbosa, que é feito por um grande ator de Portugal, Gonçalo Diniz.” Rodrigo tem experiência adquirida nas séries norte-americanas, Lost e Westworld. “Em termos de tamanho, e recursos, Sem Limites é do mesmo nível. Foi um trabalho grande, que envolveu muita gente.” O diretor Simon West fez filmes como A Filha do General e o primeiro Tomb Raider, com Angelina Jolie. “A par da competência, acho que a grande preocupação de todo mundo era com a segurança. Por causa da covid, estávamos todos preocupados, atentos. Então não era só a história, nem o personagem. Era o entorno, que exigia atenção redobrada.”

    O surfe, que Rodrigo adora – e pratica – é mais do que um esporte. “De fora, as pessoas pensam que é só uma questão de se equilibrar na prancha, mas, na verdade, é muito mais. Essa onda, a próxima, o vento. É outro tipo de equilíbrio físico, não o de estar sobre a prancha. O surfe dá uma espécie de alerta, de controle do físico. E a ioga, da mente.”

    Como ator, é sabido que Rodrigo leva muito a sério os papéis. Mas tem um outro que ele diz que exige muito mais. “Como pai da Mel, não tenho um script para me orientar sobre o que fazer, ou dizer. Ser pai é uma descoberta constante, e sou muito próximo da minha filha. Já falo com ela sobre questões como machismo, o papel da mulher no mundo. E não falo de uma posição superior. Gosto de encarar a Mel de olho com olho.”

    Por mais terrível que tenha sido, e continue sendo, a pandemia de alguma forma ajudou. “Quando houve o primeiro confinamento, fiquei nove meses em casa, me documentando e preparando.” Em Madri, ainda antes da filmagem, começou outra etapa. “Tive de aprender as coreografias de lutas e a interagir com dublês. Gosto de fazer minhas cenas, mesmo as perigosas, mas há coisas que as seguradoras não permitem.” A produção foi rodada em diferentes partes da Espanha – País Basco, Navarra, Sevilha, além do estúdio em Madri. E duas semanas na República Dominicana. Boa parte dos seis capítulos que compõem a série passa-se em alto-mar. Atores e técnicos costumam reclamar dessas cenas.

    “Demos a volta ao mundo muitas vezes sem sair do lugar. Quase todo alto-mar foi feito num hangar, na reprodução do barco contra um fundo azul”, conta. O fato de ser surfista ajudou Rodrigo? “West é um diretor experiente na ação. Na maior parte do tempo, era a câmera que se movia ao redor da gente para simular a instabilidade na embarcação e o movimento das ondas.”

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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