• Rodrigo Garcia abandona fase ‘paz e amor’ e parte para o ataque em SP

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  • 13/09/2022 16:42
    Por Adriana Ferraz e Pedro Venceslau / Estadão

    A três semanas do primeiro turno das eleições, a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes entrou em uma fase acentuada de troca de ataques entre os candidatos nos comerciais de rádio e TV. Emparedada pela polarização nacional entre o presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aliado de Fernando Haddad (PT), a campanha de Rodrigo Garcia (PSDB) sobe o tom em busca de um resposta contra ambos.

    Tarcísio abriu vantagem sobre Garcia nas mais recentes pesquisas de intenção de voto e se consolidou em segundo lugar. O tucano, se a eleição fosse hoje, colocaria em risco a hegemonia do PSDB, que desde 1994 ganhou todas as eleições paulistas.

    Garcia a partir desta terça-feira, 13, abandona o figurino de bom moço, que não é nem de esquerda nem de direita, mas que quer São Paulo para frente. O bordão não será deixado para trás. No entanto, ele vai usar inserções na TV para tentar desgastar a imagem de Tarcísio.

    Em um comercial, um homem bate em uma porta enquanto o locutor diz: “Tarcísio está batendo na nossa porta e olha só quem pretende governar com ele”. A câmera entra pelo olho mágico e, em seguida, aparecem Gilberto Kassab (PSB), Eduardo Cunha (PTB), os filhos de Bolsonaro – Flávio e Eduardo – e um deputado estadual que xinga o papa Francisco. Por fim, surge a legenda: “Vai deixar eles entrarem? Lembre-se: ninguém governa sozinho”.

    Além disso, Garcia tem usado o tempo e o discurso de seu candidato ao Senado, Edson Aparecido (MDB), para atacar Haddad de forma mais contundente. Ex-secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo, o ex-tucano, que marca 3% das intenções de voto, aproveita cada inserção para apontar falhas da última gestão petista na capital paulista (2013-2016).

    Aparecido cita obras inacabadas, aumento da fila da creche e o suposto fim do programa Mãe Paulistana como herança da passagem de Haddad pela Prefeitura. As acusações já foram parar três vezes na Justiça Eleitoral, mas sem sucesso para a campanha petista, que não conseguiu tirar nenhuma do ar.

    Em menor frequência, também tem sido repassada ao candidato a tarefa de criticar Tarcísio, por reduzir, segundo a campanha tucana, o repasse de verbas federais para o Estado durante passagem pelo Ministério da Infraestrutura do governo Bolsonaro.

    Em entrevistas, contudo, o foco é o PT. “O PT nunca ganhou e nunca vai ganhar as eleições em São Paulo porque o eleitor não quer o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadindo terras e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) invadindo prédios. Espero que o PT não ganhe as eleições em São Paulo”, disse Garcia, em entrevista coletiva na semana passada.

    A leitura de líderes do PSDB é que o eleitor de Tarcísio está cristalizado e fechado com Bolsonaro. Por isso, os ataques ao ex-ministro precisam ser feitos de maneira indireta e cautelosa sem implodir pontes com antipetistas e simpatizantes do atual presidente. A tarefa é chegar ao segundo turno.

    Polarização

    Ao mesmo tempo que ataca, Garcia também se vê na mira. Para pôr fim à era tucana em São Paulo, tanto Haddad como Tarcísio – que não negam a preferência em repetir a polarização nacional – fazem uma ofensiva contra o governador e candidato à reeleição em suas peças publicitárias.

    Em inserções veiculadas desde o final da semana passada no rádio e na TV pela campanha de Tarcísio, um locutor pede que o eleitor faça uma pesquisa na internet com as palavras “patrimônio de Rodrigo Garcia” e “irmão de Rodrigo Garcia”.

    Em seguida, o vídeo exibe reportagens sobre o irmão do governador, Marco Aurélio Garcia, empresário que foi condenado por lavagem de dinheiro na chamada máfia do ISS, e outra sobre o patrimônio do tucano ser maior do que o declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    Os comerciais petistas mais recentes, por sua vez, usam a imagem do ex-governador João Doria (PSDB) para desgastar o atual chefe do Executivo estadual. “Quando Doria aumentou os impostos dos alimentos e medicamentos em plena pandemia, Rodrigo assinou embaixo. Quando Doria decidiu cobrar IPVA das pessoas com deficiência, Rodrigo assinou embaixo. Agora Rodrigo quer continuar o governo Doria. Você vai assinar embaixo?”, diz um locutor.

    Com presença praticamente garantida no segundo turno, Haddad segue sua estratégia inicial de nacionalizar a campanha. Em entrevistas, Haddad também parte para o enfrentamento em entrevistas. Em sabatinas, ressalta que Garcia, quando era do extinto PFL, já esteve ao lado de Paulo Maluf, de quem o petista, aliás, contou com o apoio na eleição de 2012. E, nas propagandas eleitorais, reforça ao eleitor que o atual governador só chegou ao cargo por ter sido vice de Doria, praticamente esquecido pelo PSDB.

    Colar a imagem de Garcia em Doria e poupar as gestões de Geraldo Alckmin, hoje no PSB e candidato a vice-presidente de Lula, tem surtido bons resultados a Haddad, que segue na liderança de todas as pesquisas de intenção de voto e se aproveitando do alcance do ex-governador, agora aliado, para quebrar a resistência a seu nome no interior paulista.

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