• Rodoviários dizem em carta aberta que atraso de salário é estratégia das empresas de ônibus

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  • 06/02/2021 16:26
    Por Luana Motta

    A carta aberta, enviada à imprensa e à Prefeitura, representa a assinatura dos rodoviários das cinco empresas de ônibus que operam na cidade. Eles pedem melhores condições de trabalho e, principalmente, a regularização dos salários. Os rodoviários alegam que as empresas de ônibus estão atrasando os salários intencionalmente para que a Prefeitura novamente ajude as empresas com subsídios, semelhante à situação que ocorreu no ano passado, que resultou no arresto de parte do valor em conta do PAC Encostas.

    “Esse atraso é estratégico para que a Prefeitura novamente ajude as empresas com ajudas de custo, retirando dinheiro da educação, saúde etc. Houve reuniões essa semana e sabemos que a Prefeitura de Petrópolis concederá esse beneficio as empresas, porém querem acelerar esse pedido ameaçando a prefeitura e população com uma possível greve e funcionários com atrasos constantes nos salários”, diz um trecho da carta.

    Em maio do ano passado, o juiz da 4ª Vara Cível Alexandre Teixeira, determinou que a CPTrans quitasse parte de uma dívida com as empresas Petro Ita e Cascatinha, em função de uma ação judicial de 2012 que pedia a devolução de valores excedentes pagos pelas duas empresas a título de “taxa de gerenciamento”, cobrada pela autarquia municipal. O Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro) alegou que a CPTrans cobrava irregularmente parte da taxa, ao computar os estudantes do Ensino Médio, que não pagavam passagem. Em 2016 a Justiça reconheceu o valor pago a mais pelas empresas e determinou que a CPTrans devolvesse os valores, mas a companhia questionou o montante. A decisão em favor da quitação só foi feita no ano passado, e a Prefeitura teve que fazer um arresto de parte do valor da conta do PAC Encostas para quitar a dívida.

    A carta é assinada pelos funcionários das empresas, um grupo independente que tem reivindicado melhores condições de trabalho para a classe. Foram eles, inclusive, que deram início à paralisação do serviço da empresa Cidade Real no mês passado.

    “Recebam essa carta, não somente como pedido de somente um funcionário de uma empresa, pois foi feita reuniões com diversos funcionários de todas as empresas de Petrópolis, onde além de atrasos de salários, empresas devem cesta básica, depósito de FGTS, pagamento de férias, horas extras, pagamento de feriados, cobranças absurdas nos valores de avarias e ameaças de empresários aos funcionários que mandam os mesmo embora por justa causa, sem sequer um motivo honesto seja apresentado”, diz a carta.

    Entenda o caso

    Na sexta-feira, dia 29 de janeiro, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Petrópolis enviou um ofício as empresas Petro Ita e Cascatinha pedindo a regularização do adiantamento de 40% do salário, de cerca de cem funcionários, que deveria ter sido pago no dia 25 de janeiro. O Sindicato alega que só foi pago metade do valor do adiantamento. Já as duas empresas de ônibus afirmam que o adiantamento foi pago integralmente no dia seguinte ao ofício, sábado, dia 30 de janeiro.

    Diante deste impasse, o Sindicato dos Rodoviários se reuniu com a Prefeitura na última terça-feira (2), para buscar uma intermediação com as empresas de ônibus. A Prefeitura se comprometeu em apoiar os rodoviários e pediu que aguardassem até o fim desta semana para que as empresas se posicionassem.

    As empresas Cascatinha e Cidade Real enviaram comunicados aos rodoviários dizendo que os pagamentos dos salários de janeiro será feito até o dia 12 de fevereiro. O pagamento é feito no quinto dia útil, mas a data do dia 12 de cada mês, foi acordada no ano passado com o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários.

    Setranspetro vê “finalidade política”

    Questionado pela Tribuna a respeito dos apontamentos dos rodoviários, o Setranspetro disse que “não acredita que estas informações tenham partido de um grupo de rodoviários, uma vez que todos os itens abordados ou estão distorcidos ou não correspondem à verdade. Todo o conteúdo pode ser facilmente desmentido, esclarecido ou contestado pelo próprio Setranspetro ou pelo Sindicato dos Rodoviários que é a instituição que representa legitimamente a categoria. Por fim, o Setranspetro lamenta muito que neste momento de extrema dificuldade na vida de todas as pessoas e de crise global, atitudes como essa estejam sendo tomadas com finalidade política.”

    A CPTrans informou que está intermediando as negociações entre as empresas de transporte coletivo e rodoviários. Procurada pela Tribuna, a companhia respondeu que “entende que se trata de um momento sensível tanto para os empresários quanto para os próprios trabalhadores, assim como para os usuários do sistema, por isso tem acompanhado de perto o desenvolvimento das ações para que o problema seja resolvido”.

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