• Robinson de Castro renuncia à presidência no Ceará em seu terceiro mandato

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  • 09/02/2023 21:40
    Por Estadão

    Três meses após se rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Ceará viveu um dia de profunda mudança no seu comando. Pressionado, o presidente Robinson de Castro, de 56 anos, oficializou, à tarde, a sua renúncia. No cargo desde 2015, ele cumpriu seu terceiro mandato de três anos, que terminaria em 2024.

    Depois de mais de dez anos de bons resultados, inclusive com cinco anos seguidos na Série A do Campeonato Brasileiro, bastou o fracasso em 2022 para gerar uma forte reação política que o desgastou emocionalmente.

    Caberá, inclusive, ao Conselho Deliberativo, em até 90 dias, escolher um novo presidente e outro vice-presidente. De forma interina, a presidência vai ficar com o atual vice-presidente Carlos Moraes. Um dos nomes fortes para assumir a presidência é João Paulo Silva, atual diretor financeiro.

    Segundo o dirigente, que revolucionou o clube com a aplicação de uma nova gestão com visão empresarial, a sua saída vinha sendo já encaminhada por ele mesmo. Ele deixa o cargo após encaminhar acordos recentes com a nova Liga de Clubes para defender os direitos do Ceará na divisão de receitas e para a possível entrada de um investidor com 20% do capital do clube através de acordo com a nova liga, que efetivará suas ações em 2025. Estas duas medidas estratégicas, segundo ele, precisarão ser observadas e aprovadas pelo Conselho Deliberativo.

    Ele não quis emitir opinião sobre o modelo de SAF – Sociedade Anônima do Futebol – dando impressão de que é contrário a este modelo de gestão.

    Castro, que ficou isolado após a queda à Série B e recebeu muitas críticas por isso, justificou que procurou se concentrar nos temas estratégicos do clube, porque “o simples rebaixamento deixou o Ceará com uma queda enorme de receita” que seria em torno de 60%.

    “Eu precisava de tempo para resolver as questões emergências financeiras. A divisão política, com calúnias e ataques à honra e ameaças, causou danos ao clube, que rapidamente atingiram o mercado financeiro e a credibilidade do clube, construída ao longo de mais de uma década de trabalho de recuperação e gestão”.

    O dirigente fez questão de esclarecer também o respeito com o ex-presidente Evandro Leitão, que o antecedeu e ainda tem muita força política no clube. A ideia é que não existam duas chapas para concorrer na eleição, mantendo a unanimidade no clube. “Tenho bom relacionamento com o Evandro e sua família e sei também que, em algum momento, ele foi vítima de críticas injustas. Mas desta vez, passaram de todos os limites, com ameaças até de morte”.

    Mas lembrou que sempre teve coragem de desafios. “Eu estou saindo porque eu desencantei com o contexto do futebol. As coisas que me davam prazer não me dão mais, perdi este encanto”, disse, para depois completar em tom de desabafo: “Não tenho medo de covarde, mas respeito quem é homem. Fui pára-choque desse clube desde 2008.”

    PRESTAÇÃO DE CONTAS

    Além de agradecer a diretoria e funcionários, ele fez um resumo de seus sete anos de gestão. Ressaltou o sucesso do clube no futebol em sua gestão desde 2015. Desde então, o Ceará subiu para a Série A do Brasileiro em 2017, foi bicampeão cearense em 2017 e 2018 e ainda disputou a Copa Sul Americana em 2020 a 2021, além de ser campeão aspirantes em 2021. O futebol feminino teve grande impulso na sua gestão e levou o time à elite do brasileiro.

    Ressaltou ainda a revolução feita no modelo de gestão, com a valorização da Marca Vozão que passou, entre tantas coisas, da venda de produtos. Citou o caso das 10 mil camisas vendidas antes para um total agora de 130 mil camisas no ano. E o sonho torcedor, que chegou a 50 mil torcedores.

    Sobre o ano ruim de 2022 no futebol ele reconheceu que “houve falta de comprometimento do elenco”, mas teve a humildade de assumir a sua responsabilidade, reforçando que “culpa é minha como presidente”. Por fim finalizou com um velho chavão: “O futebol vive de resultados.”

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