• RJ registra quase 10 mil casos de roubo de cargas em 2016, diz FIRJAN

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  • 16/02/2017 17:30

    O estado do Rio registrou 9.862 casos de roubo de cargas em 2016, o terceiro recorde consecutivo em 25 anos. Os dados estão no estudo “O impacto econômico do roubo de cargas no estado do Rio de Janeiro”, divulgado pelo Sistema FIRJAN ontem, dia 16, que apontou um prejuízo que chegou a R$ 619 milhões. O levantamento mostra que, em Petrópolis, foram registrados 16 casos de roubo de carga entre janeiro e dezembro, mas é possível verificar que áreas próximas, que dão acesso à cidade, têm alto índice de roubos de cargas. A área que compreende São João de Meriti, Belford Roxo, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim e Teresópolis, por exemplo, teve 2.168 casos. Em seis anos, entre 2011 e 2016, foram 62 roubos de carga em Petrópolis e 7.164 nos outros seis municípios. 

    Das 139 delegacias da Polícia Civil no estado, 12 concentram mais da metade das ocorrências. Os locais, é importante frisar, ficam no entorno das principais rodovias (Avenida Brasil, BR-040, BR-101-Norte e BR-116) e possuem trechos dominados pelo crime organizado, notadamente o tráfico de drogas. De 2011 a 2016, foram mais de 33,2 mil ocorrências – uma a cada 1h35. De acordo com a análise da Federação das Indústrias, elaborada com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), o aumento foi de 220,9% no período, com prejuízo de R$ 2,1 bilhões. A Região Metropolitana concentrou 94,8% do total estadual (31,5 mil). 

    O avanço nestes seis anos foi mais acentuado na Baixada, na capital e no Noroeste Fluminense. Em Guapimirim, o crescimento foi de 2.600%. Japeri teve aumento de 1.700%, Mesquita de 1.031% e Itaguaí de 1.000%. Em Petrópolis, o aumento foi de 45,5%.

    Para a Firjan, o roubo de cargas afeta negativamente o setor produtivo, elevando os custos relativos ao frete e gerando perda de competitividade, e também para a sociedade, por conta do aumento do preço final das mercadorias. A Federação destaca ainda que regiões com grande incidência passam a ser evitadas e a população local enfrenta o risco de desabastecimento ou de se tornar refém do crime organizado, que controla o comércio local.

    Os esforços das forças de segurança pública para conter o roubo de cargas, diz a Firjan, apesar de relevantes, têm sido prejudicados por falta de condições adequadas de trabalho. “Os Batalhões da Polícia Militar, em especial nas áreas de concentração das ocorrências, sofrem com baixo efetivo, falta de materiais e equipamentos e até viaturas, resultado da crise do estado. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsável pela segurança nas rodovias federais, sofreu redução de 36% do efetivo alocado no estado nos últimos cinco anos. Atualmente há apenas 700 Policiais Rodoviários Federais no estado.

    Crime pesa no bolso do consumidor

    O estudo da Firjan mostra que o custo do roubo de cargas (R$ 621,3 milhões em 2016) pode aumentar se forem consideradas despesas de gerenciamento de risco. Estes custos são repassados para os consumidores finais: as empresas seguradoras cobram taxas mais elevadas para cargas com origem ou destino no estado do Rio de Janeiro. Isso porque as federações de empresas transportadoras de cargas decidiram cobrar uma “Taxa Emergencial de Risco” de toda carga com origem ou destino no estado do Rio de Janeiro, de 0,5% do valor bruto. Já a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro estuda reajustar os preços das mercadorias mais visadas pelos ladrões de cargas.

    Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio

    No Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2016-2025, lançado pelo Sistema FIRJAN no ano passado, o combate ao roubo de cargas é apontado como uma das prioridades. Por isso, a Federação sugere uma série de ações que precisam ser implementadas simultaneamente. 

    Entre elas estão o aumento do efetivo policial nas áreas de maior incidência e a adoção de modelo de “Dação em Pagamento”, que pode permitir que empresas inscritas na dívida ativa do estado realizem pagamentos através da dação de equipamentos e da realização de serviços destinados a garantir o bom funcionamento das forças policiais. 

    O aumento da punição aos crimes de receptação, armazenamento e venda de produtos roubados através da cassação da inscrição no CNPJ e no cadastro de contribuintes do ICMS também está entre as sugestões apontadas pelo Sistema FIRJAN.

    Saiba mais

    O número de ocorrências registradas no Brasil em 2015 chegou a 19,2 mil, gerando um custo de R$ 1,21 bilhão. Este valor é equivalente ao que governo federal anunciou em dezembro de 2016 para ser investido nos estados para a modernização do sistema penitenciário e construção de novas unidades. Frente a 2011, o crescimento das ocorrências ficou em 47,9%. Em 2015 a Região Sudeste concentrou 85,8% das ocorrências, totalizando 16.508 casos, com um custo superior a R$ 1 bilhão. Frente a 2011 o crescimento das ocorrências foi de 51,8%. 

    Já o estado do Rio de Janeiro registrou, em 2015, um total de 7.225 ocorrências (37,5% do total nacional) com um custo de R$ 453,5 milhões. Entre 2011 e 2015, o estado registrou um crescimento de 134,8% no número de roubos de cargas, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ). É importante lembrar que, a partir de 2013, as ocorrências de roubos de cargas no estado do Rio de Janeiro registraram um salto em relação ao Brasil e ao Sudeste. 

    A situação do estado do Rio de Janeiro se agravou em 2016, quando foi mantida a alarmante trajetória de crescimento dos casos de roubo de cargas, com 9.862 ocorrências, terceiro recorde histórico consecutivo em 25 anos.

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