• Rio: o primeiro grande teste de Bolsonaro

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  • 10/09/2016 09:00

    Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, é candidato a prefeito da Cidade do Rio de Janeiro este ano. Na última pesquisa divulgada do Instituto Paraná, aparecia em terceiro lugar nas intenções de voto, com um patamar de 11%. 

    Por que falei no título deste artigo, que o Rio seria o primeiro teste de Bolsonaro, que pretende candidatar-se à Presidência em 2018? Primeiro, Jair Bolsonaro ainda não é um nome nacional: muito pouco conhecido no norte e nordeste e não conhecido ainda suficientemente no sul, disputará por um partido pequeno, o Partido Social Cristão (PSC), cuja estrutura e penetração precisará e muito, ser reforçada no interior dos estados brasileiros; e apesar de ser deputado federal, não teve experiência anterior no executivo, não foi testado, nunca foi governador ou prefeito e pretende queimar etapas, o que a nosso juízo não o ajuda. Temos como um exemplo recente, o pulo de etapas de Dilma e que deu no que deu. Segundo, porque seu filho, se eleito prefeito do Rio, lhe dará um palanque mais robusto, caso venha a fazer um governo que preencha as expectativas da população. Nunca sendo demais lembrar, a difícil situação financeira do município que será o primeiro óbice a ser enfrentado, ganhe quem ganhar a eleição.

    A extrema direita, onde se posiciona Bolsonaro, tem simpatizantes e defensores ferrenhos no Rio, como algo em torno de 15% dos eleitores. Se seu filho conseguir superar este patamar e chegar aos 20% de votos, estará no segundo turno e segundo turno é outra eleição, uma vez que Crivella aparece no momento com 33% e Freixo com 14%, tendo Crivella uma rejeição de 35%, a maior entre os candidatos, o que favoreceria Flávio em uma possível disputa para o segundo turno.

    O ambiente político face aos últimos acontecimentos, oportuniza candidaturas de direita mais extremadas, não querendo dizer com isto que estas venham a se consolidar já no próximo pleito de 2018, mas a tendência é que venham a crescer. Faz -se mister dizer, que não existe no Brasil um partido conservador.

    Hoje, Jair Bolsonaro tem um discurso que agrada esta direita, apesar de precisarmos firmar uma crítica, satisfaz a quem o escuta, mas é vazio, populista, eivado de lugares comuns e com pouca, muito pouca profundidade. Fala o que a direita quer escutar, mas com propostas rasas, sem contar seus arroubos de destempero impróprios a quem quer se tornar um estadista.

    O que o credencia a esta aventura? O crescimento da extrema direita é um fenômeno europeu que não pode ser encarado com ligeireza e ao qual não se pode ficar indiferente, apesar de no Brasil ser algo contrário à essência de seu povo, mas vale lembrar que tivemos exemplos em nossa história recente: o golpe militar de 1964, que perdurou por 21 anos. Aqui não me atrevo a afirmar que poderemos ter uma extrema direita nos moldes europeus, não acredito nesta possibilidade de forma alguma, mas acredito sim em um conservadorismo mais robusto. Bolsonaro crescerá? O tempo nos dará esta resposta: se fosse hoje, diria que sem chance alguma, mas o futuro poderá ser uma caixa de surpresas, já que há um vácuo para 2018. No entanto, falta ainda a Bolsonaro uma certeza de credibilidade. Não basta apenas sua própria vontade e determinação para que seu nome decole.

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