Rio: não é possível dizer se variantes de Manaus tiveram transmissão local
Um dia após o Ministério da Saúde anunciar que foi notificado, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sobre a identificação de mais três casos da variante P.1 do novo coronavírus na capital fluminense, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio informou nesta quarta-feira, 17, que ainda não é possível determinar se as transmissões ocorrem localmente ou se foram importadas de outros Estados. Segundo o secretário de Estado de Saúde, Carlos Alberto Chaves, a expectativa é que a investigação epidemiológica, com rastreamento da transmissão, seja concluída até sexta-feira, dia 19.
“Não é possível dizer (ainda) se esses casos são autóctones ou importados”, afirmou o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da SES, Mário Sergio Ribeiro.
Chaves e técnicos da SES deram entrevista coletiva ao lado do secretário municipal da Saúde, Daniel Soranz, após o Ministério da Saúde informar sobre os novos casos da variante P.1 na noite de terça-feira. A variante P.1 foi encontrada inicialmente em Manaus (AM) e pode ser mais transmissível que o novo coronavírus original. Com os três novos casos identificados no Rio, são 173, pelo menos, em todo o País, conforme balanço divulgado pelo ministério na noite de terça-feira.
Tanto Chaves, secretário estadual, quanto Soranz, secretário municipal, apontaram falta de coordenação com o ministério no acompanhamento dos casos causados pelas novas variantes – além da P.1, surgida em Manaus, as autoridades de saúde monitoram variantes oriundas do Reino Unido e da África do Sul.
O Ministério da Saúde anunciou as notificações somente após, mais cedo na terça-feira, a Fiocruz confirmar a identificação dos casos. Um deles foi noticiado inicialmente pelo “RJTV”, da TV Globo.
“O que mais lamento é que eu e Daniel (Soranz) recebemos a notícia via TV. Não sabíamos disso”, afirmou Chaves, o secretário estadual. “Isso é lamentável. Não nos furtamos, em nenhum momento, de sermos notificados. Seria mais elegante uma nota técnica assinada pela Fiocruz e pelos secretários”, completou o secretário.
Conforme apresentação de técnicos da SES, até agora, foram identificados cinco casos de variantes do novo coronavírus que merecem atenção. Quatro casos são da P.1, de Manaus. Um caso é da variante B.1.1.7, identificada originalmente no Reino Unido. Segundo a SES, todos os casos da P.1 foram notificados na terça-feira.
Só que um balanço nacional do Ministério da Saúde, de sexta-feira passada, 12, já registrava um caso da P.1 no Rio. O balanço apontava a presença da variante P.1 em dez Estados, com 170 casos: Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraíba, Piauí, Rio, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Na noite de terça, o ministério atualizou o balanço para 173 casos, para incluir as três novas notificações do Rio.
Questionados nesta quarta-feira, os técnicos da SES disseram desconhecer alguma notificação anterior à terça-feira. Chaves viu aí mais um sinal de descoordenação com o ministério.
“Não temos notificação nenhuma do Ministério da Saúde sobre esse caso (que estava no balanço de sexta-feira). Vou perguntar quem é esse paciente”, afirmou o secretário estadual, ao ser questionado pelo Estadão. “Se você está sabendo e eu não estou sabendo, há uma descoordenação”, completou Chaves.
Tanto Chaves quanto o secretário municipal, Soranz, afirmaram na entrevista coletiva que ainda é cedo para adotar medidas de maior restrição ao contato social, como “lockdowns”, por causa da identificação de novos casos de variantes do novo coronavírus. Segundo os secretários, ainda é preciso verificar efeitos nos números da pandemia. Soranz frisou que, na capital fluminense, embora o número de casos venha aumentando, óbitos e internações estão em queda.