Rio de resistência
O Rio de Janeiro é a cara do Brasil, começando por ser ele o cartão postal do país, tendo o Cristo Redentor e a Praia de Copacabana seus símbolos maiores. Além disso, aqui já foi a capital e maior centro cultural. Neste quesito, o Carnaval e o Réveillon ainda atraem pessoas do mundo todo. Mas essas são as partes boas. O Rio se tornou sinônimo de incertezas. Virou uma metrópole violenta, o que afastou investidores. Hoje, o Rio é resistência à insegurança, à saúde precária, à educação ineficiente, ao desemprego.
Não são poucos os motivos que o levaram ao fundo do poço, mas, certamente, o maior de todos foi a negligência do governo federal. Pela importância que o Rio tem, muita coisa poderia ser prevista ao longo dos anos, evitando que a população chegasse a essa situação caótica.
Desde a década de 90 a violência vem aumentando a passos largos, inibindo novos investimentos e o progresso da Cidade e do Estado como um todo. A cada década o quadro se agrava. Em 2002 perdemos a operação da Bolsa de valores, posteriormente, grandes empresas se debandaram para outros Estados.
E o cenário piorou. Com o alto índice de roubo de cargas, ainda hoje, empresas que poderiam fomentar a economia local e expandir, se seguram de forma limitada ou fecham as portas. Uma das maiores rede de varejo do país, Magazine Luiza, afirmou que não vai abrir lojas no Rio por causa da violência. Ficamos de fora do seu plano de expansão por incompetência.
Poderíamos tratar isso como algo vergonhoso, mas o contexto é bem pior. Está diretamente ligado aos prejuízos incalculáveis para a economia, geração de renda, empregos. O turismo, um dos nossos carros-chefes perdeu R$ 320 milhões em receitas nos quatro primeiros meses deste ano, devido à criminalidade. Esses dados, divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou ainda que para cada aumento de 10% na criminalidade, a receita bruta das empresas que compõem a atividade turística do Estado recua, em média, 1,8%. Uma perda equivalente ao faturamento de 4,5 dias do turismo local.
Enfim, é indiscutível o quanto o Rio de Janeiro está sendo maltratado e, embora tenhamos sua natureza para contemplar a cada amanhã, ele agoniza e resiste bravamente aos descasos daqueles que deveriam preservá-lo como patrimônio internacional. Afinal, o Rio representa a imagem do Brasil.