• Rick Wakeman homenageia Yes, Bowie e Beatles em show de despedida em São Paulo

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 13/abr 10:20
    Por Gabriel Zorzetto / Estadão

    O rock progressivo é um gênero de enorme sucesso no Brasil desde os anos 1970. O tecladista Rick Wakeman, que acaba de se despedir (supostamente) de São Paulo, tocou pela primeira vez no País há quase 50 anos, quando shows internacionais por aqui eram raríssimos ou inexistentes – a performance divulgava a obra-prima do britânico: o álbum conceitual Journey To The Centre Of The Earth (1974), adaptação baseada no romance Viagem ao Centro da Terra (1864), do escritor francês Julio Verne.

    Desde então, Wakeman voltou várias vezes e consolidou uma sólida base de fãs na América Latina. Na sexta-feira, 12, em turnê de despedida que passa por quatro cidades brasileiras, ele se apresentou para um público de cerca de 2.200 pessoas no Tokio Marine Hall, na zona sul da capital paulista. Os ingressos estavam esgotados.

    ‘O Mago dos Teclados’, referência no instrumento, é membro histórico do Yes, grupo primordial da ‘Santíssima Trindade’ do prog rock, ao lado de Genesis e King Crimson. Posteriormente, nomes como Emerson, Lake & Palmer, Pink Floyd e Rush carregariam a tocha da classe que foge dos padrões radiofônicos ao incorporar longos solos instrumentais e elementos da música erudita.

    Uma jornada de Marte ao Centro da Terra

    A jornada de Wakeman começou tarde, às 22h, mas o músico subiu ao palco pontualmente para um show íntimo de um homem só, sem qualquer tipo de banda de apoio, e sem as capas brilhantes ou os longos cabelos loiros que já foram sua marca registrada.

    Alternando-se entre teclado e piano durante a performance, ele abriu os trabalhos com Jane Seymor e Catherine Howard, peças de The Six Wives of Henry VIII (1973), disco que interpreta a célebre história das seis esposas do Rei Henry VIII da Inglaterra, fundador da Igreja Anglicana. Após a primeira onda de aplausos, Rick arrancou gargalhados do público com seu típico humor britânico.

    Na sequência, a primeira homenagem da noite foi para o ‘camaleão’ do rock, David Bowie, que recrutou Wakeman no fim dos anos 1960 e começo dos 70 para tocar nos clássicos Space Oddity e Life On Mars?, reproduzidos com sutileza de fazer chorar.

    Um medley minuciosamente construído evocou os personagens de The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table (1975), outro álbum conceitual fundamental de sua discografia, este dedicado as histórias medievais do lendário Rei Arthur.

    A composição mais aplaudida da noite, Yessonata, foi um presente aos fãs. Feita especialmente para esta turnê, a faixa reuniu trechos de 30 canções do Yes, particularmente dos discos Fragile (1971), Close to The Edge (1972) e Tales from Topographic Oceans (1973), os quais as teclas inconfundíveis do ‘Mago’ estão eternizadas. Algumas seções facilmente reconhecidas foram as de Awaken, Roundabout, And You And I e Heart of the Sunrise.

    Com a jornada musical se aproximando do fim, o britânico fez questão de unir o som revolucionário dos Beatles junto as camadas e texturas variadas que apenas seu teclado ‘enfeitiçado’ é capaz de proporcionar, num blend perfeito de Lennon/McCartney, com versões ousadas de Help! e Eleanor Rigby.

    Rick ainda voltou para o bis e extraiu a reação mais eufórica da plateia ao anunciar que tocaria trechos de Viagem ao Centro da Terra – resumida nas peças The Journey e Recollection, dando fim a um show de fôlego e excelência musical.

    Wakeman encerra a passagem pelo Brasil no mês de abril com shows em Brasília, dia 14 e em seguida em Curitiba, dia 15.

    Últimas