Revolução tecnológica transforma o mercado e a Educação

A tecnologia avança a passos largos para impôr uma mudança significativa nos costumes da sociedade. A mudança, como muitos apregoam, é algo irreversível para especialistas na área da economia e seu impacto no cotidiano para o marcado de trabalho será algo jamais visto desde a Revolução Industrial em 1760. Petrópolis, por exemplo, se prepara para esses novos tempos graças às ações dos setores da vida pública e privada.

Hoje, os avanços nas pesquisas na área da ciência da computação já impactam o cotidiano mundial. Afinal, quando uma pessoa vai ao caixa eletrônico, poupa seu tempo ao evitar aquelas longas filas em agências bancárias. Ou então, se for comprar algum produto mais em conta, pesquisa pela internet em sites especializados e encontra aquilo que deseja. No entanto, para que isto e muito mais se torne uma realidade, o fundamento do avanço tecnológico se dá em investimentos maciços em educação. 

A China é um bom exemplo disso, pois em 1979, quando o vice-ministro Deng Xiaoping visitou os Estados Unidos, foi a um rodeio no Texas e vestiu o chapéu de vaqueiro, simbolizando a abertura do país comunista ao livre mercado. O país asiático decidiu, ao mesmo tempo, investir pesado na área educacional e hoje colhe os frutos de seu esforço. Para se ter uma ideia, a nação com o maior número de habitantes no planeta quer liderar a implantação da internet 5G, através da empresa Huawei. Deixou de ser uma mera produtora de cópias para se tornar pioneira em diversas áreas.

O avanço tecnológico, sobretudo nos países industrializados, transformou vidas e obrigou os governantes a rever políticas para a área social. O Fórum Mundial Econômico, em evento realizado este ano, trouxe dados importantes de alguns países, como a Austrália, onde existe um foco voltado para um plano de inclusão social combinado com o que está sendo descoberto na ciência tecnológica, pois a preocupação é a de que, futuramente, uma massa de pessoas possam ser trocadas pela inteligência artificial em um processo que veem como irreversível. 

O administrador Rodrigo Monteiro destaca a importância da educação nesse cenário de mudança. Foto: Divulgação

O petropolitano Rodrigo Monteiro, administrador com especialização em gestão de pessoas, sócio na Eyesight (uma startup que estimula uma percepção diferente da educação) e gerente de recursos humanos de uma grande empresa de telecomunicações na cidade, estudou a fundo o relatório emitido pelo governo australiano e dissertou sobre o tema. Para ele, a questão da educação é o pilar para que a revolução tecnológica seja aproveitada como algo de positivo e defende novas políticas e investimentos na área educacional para enfrentar os novos tempos impostos por esta revolução. 

“Melhorar a educação é um desafio que precisa ser encarado por governos e a iniciativa privada. Isto porque a revolução tecnológica está em marcha e se tornou um processo que não dá para voltar. Li os relatórios do recente Fórum Econômico Mundial sobre como isso tudo será impactado na sociedade dos países num futuro bem próximo. É preciso ter investimentos, porque o mercado de trabalho passa por um processo de mudança muito rápido, na mesma velocidade em que inovações ocorrem no setor e que impacta na vida de todos os cidadãos”, explicou Rodrigo.

Modelo educacional deve se voltar para a tecnologia

O administrador, por outro lado, tem uma visão positiva quando o assunto é se Petrópolis está preparada para esses novos tempos que inevitavelmente vão chegar. Na visão dele, Petrópolis está na dianteira desse processo e tem muito a lucrar com a revolução provocada pela inserção dessa engenharia. Dois fatos recentes revelam isso: a inauguração do Serratec e a criação, por parte do Governo Municipal, da chamada Lei de Inovação. Somado a esses fatos, o LNCC, que é uma instituição dedicada exclusivamente à ciência e à pesquisa no Brasil, que possui parcerias com instituições brasileiras e internacionais. Segundo Rodrigo Monteiro, são inúmeros estabelecimentos de ensino que dão o pilar da educação de base – fundamental para que pessoas sejam colocadas no mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o chamado conhecimento digital.

“É preciso enxergar uma forma diferente da realidade em termos educacionais. As instituições precisaram sair do tradicional e apostar em um modelo voltado para o incremento da tecnologia. Temos a UCP, o IST, a Faeterj, a Fase, a Estácio de Sá, Sesi, Senai e Cefet, que formam novos profissionais para o mercado. Os colégios daqui também são excelentes e dão essa base tão importante. Acredito que Petrópolis tem um bom potencial para criar um mercado de trabalho e a tecnologia pode auxiliar em mercados fortes aqui, como a Rua Teresa e o turismo. O conhecimento digital é uma excelente ferramenta. De Petrópolis, os lojistas podem trabalhar para o mundo, ou com o turismo em que a comunicação tecnológica tem muito a contribuir para atrair mais pessoas para cá. Olha quantas coisas podem ser feitas. O fundamental é que temos  bons pilares para os tempos que vão chegar com força”, completou Monteiro.

O impacto das novas tecnologias vai gerar mudanças no mercado de trabalho

É fato que Petrópolis quer ser vanguarda no avanço e transformação digital no país. Isto foi enfatizado no lançamento do Serratec, que além de Petrópolis engloba Teresópolis e Nova Friburgo na implantação de assistência ao mercado tecnológico. Segundo dados fornecidos pela instituição sem fins lucrativos, as três cidades têm mais de 170 empresas vinculadas ao campo tecnológico e dão empregos a mais de três mil pessoas. Em termos percentuais, a Cidade Imperial detém 70 por cento dos negócios  nesse campo e sustentam mais de duas mil pessoas. Para se ter uma ideia da importância, a maior empregadora do município é a Prefeitura, que tem um pouco mais de nove mil servidores entre concursados e contratados.

A transformação da economia, em decorrência da procura por novos profissionais que atuam na economia digital, é uma realidade na qual muitos petropolitanos estão de olho. E eles têm toda razão de buscar essas oportunidades. De acordo com uma pesquisa da Firjan, que mapeou a indústria criativa no Brasil, o mercado de trabalho abriu mais de 24 mil vagas para profissionais com esse perfil. Portanto, esses dados comprovam que está em marcha uma nova economia caracterizada por novos modelos de negócio, hábitos de consumo e a relação de trabalho. Para os petropolitanos, há uma chance de acompanhar essa mudança que só tem a se beneficiar com ela. 

“O mundo tem passado por profundas transformações no mercado de trabalho, que são resultados das mudanças socioculturais e do avanço da digitalização. As mudanças nos hábitos de consumo e a transformação digital exigem das empresas uma série de novas competências e habilidades até então inexploradas. Esse movimento já é visível na economia criativa, que registra alterações no perfil dos profissionais buscados pelo mercado”, explica o gerente da Casa Firjan, Gabriel Pinto. Lançada a cada dois anos, a pesquisa avalia 13 segmentos criativos agrupados em quatro áreas: Consumo (Design, Arquitetura, Moda e Publicidade), Mídias (Editorial e Audiovisual), Cultura (Patrimônio e Artes, Música, Artes Cênicas e Expressões Culturais) e Tecnologia (P&D, Biotecnologia e TIC).

O especialista em Recursos Humanos George Paiva destaca como a tecnologia influencia a formação profissional. Foto: Divulgação

Se o trabalhador que tem interesse em entrar no mercado de trabalho que desponta, há também um belíssimo motivo para isso. De acordo ainda com a Firjan, o segmento de tecnologia tem a maior média salarial entre aquilo que se chama Economia Criativa – conceito que se estende a várias categorias de profissionais que vão desde o artesão à alta tecnologia. A remuneração média dos criativos em Tecnologia é de R$ 9.518 por mês, o que representa mais de três vezes o salário médio nacional (R$ 2.777). Por essa razão, a mudança gerada por essa economia digital impactou também quem é responsável pela seleção e contratação de profissionais para o setor. A Tribuna ouviu o especialista em Recursos Humanos, George Paiva, que concorda com o impacto da economia digital na vida das pessoas e das empresas, sobretudo no Brasil que é um país que investe pouco em educação e pesquisas.

“A transformação digital teve implicações na área de Recursos Humanos. O aparecimento das novas tecnologias criou a necessidade de formar novos profissionais. Hoje se fala na perda do emprego em decorrência da inteligência artificial, por exemplo. Por isso, as relações de trabalho também se alteraram”, observou George, que vê por outro lado o Brasil atrás das nações de primeiro mundo no que tange um preparo para esses dias que estão por vir. “Em termos de Brasil, não há pesquisas e educação. Se percebe que o país não acompanha a evolução digital. A nossa preocupação acaba sendo justamente a falta de qualificação e principalmente a educação de base, o que pode resultar em um país de desempregados”, completou.

Para aperfeiçoar esse mercado de trabalho digital, com um olhar de inclusão no mercado digital, o Sebrae tem promovido cursos que podem ajudar o ingresso de profissionais no mercado. Para a coordenadora de economia criativa, Ana Paula, a economia não é mais como tempos atrás e o ingresso de novas tecnologias se transformou em um fator nas relações das pessoas, empresas, sendo que sua velocidade de informação impacta no modelo de negócios. “Trabalhamos nessa gestão de um modelo turbulento, que traz a todo momento mudanças nas relações de como lidar com as empresas. A música é um bom exemplo disso. Hoje, existem plataformas streams que mudaram esse mercado. A inovação é um grande vetor de transformação”, disse Ana Paula, que aproveitou para anunciar alguns cursos oferecidos a estes profissionais que sonham em atuar no campo tecnológico como técnico em comunicação visual, técnico em informática, técnico em produção de moda e técnico em programação de jogos digitais.