• ‘Revisão da vida toda’ da aposentadoria custaria R$ 360 bilhões, diz União

  • 09/03/2022 08:26
    Por Guilherme Pimenta / Estadão

    Novos cálculos do governo federal apontam que a decisão favorável sobre a “Revisão da vida toda” para beneficiários da Previdência Social pode custar R$ 360 bilhões em 15 anos aos cofres públicos, segundo estimativas atualizadas obtidas pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

    No fim de fevereiro, o Supremo formou maioria – de 6 votos a 5 – em favor dos aposentados, ao entender que eles poderão usar todas as suas contribuições previdenciárias, inclusive as anteriores a julho de 1994, início do Plano Real, para recalcular os valores de seus benefícios. O julgamento estava previsto para acabar às 23h59 de ontem, no plenário virtual.

    Inicialmente, a União apontava que o impacto nas contas da Previdência Social poderia chegar a R$ 46,4 bilhões em dez anos. Esse valor, no entanto, se referia apenas aos benefícios de aposentadoria por tempo de contribuição. Agora, as equipes da Previdência e do Ministério da Economia entenderam que a tese alcança todos os benefícios previdenciários com contribuições anteriores a 1994, como auxílio-doença, pensão por morte e aposentadorias por invalidez.

    Considerando apenas os benefícios previdenciários ativos, o custo mensal a ser suportado pela Previdência Social seria de R$ 2 bilhões. Nas estimativas dos técnicos do INSS, 51,9 milhões de benefícios poderiam ser revisados com o julgamento favorável aos aposentados.

    Imediatamente, de acordo com os novos cálculos, o impacto seria de R$ 120 bilhões, totalizando R$ 360 bilhões em 15 anos. O argumento foi reforçado aos ministros do STF nos últimos dias pelo governo, mas há uma avaliação prévia no Executivo de que eles não mudariam seus votos.

    Operação

    Além dos impactos aos cofres da União, o governo também demonstrou preocupação com a operacionalização por parte do INSS para revisar os benefícios. Com a revisão de mais de 50 milhões de benefícios, o julgamento poderia elevar o estoque de requerimentos do órgão em 29 vezes. “Isso geraria um verdadeiro colapso no atendimento do INSS”, argumentou uma fonte do Executivo.

    Votaram a favor dos aposentados o ex-ministro Marco Aurélio Mello e os ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski. Votaram contra os ministros Nunes Marques, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Gilmar Mendes.

    Para mudar o julgamento, algum ministro teria de pedir até o horário-limite para que o julgamento fosse transferido para o plenário físico. Assim, os votos seriam desconsiderados, o julgamento recomeçaria e o voto de Marco Aurélio Mello seria desconsiderado, pois ele se aposentou. André Mendonça, indicado por Bolsonaro ao Supremo e ex-advogado-geral da União, passaria a votar na ação.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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