• Restauração da Catedral, graça Divina!

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  • 13/07/2022 08:00
    Por Fernando Costa

    Catedral repleta. Flores, adornos, tapete vermelho, intensa luz a refletir seus trinta e oito vitrais vindos de Paris e do Rio de Janeiro. Todos retratam passagens bíblicas, exempli gratia, a Ascensão, os Anjos do Sacrifício, a Agonia de Jesus, Cena do  Calvário e, ainda na temática religiosa e dogmática, a Assunção de Nossa Senhora, os Anjos do Santo Sacrifício, as Três Virtudes Teologais, dentre outros. Sim, pilares, florões, rosáceas e  majestosos Capiteis Coríntios adornam as  colunas e exalam perfume. Contemplamos o altar. Nas laterais, complementa o sacro templo as imagens de Nossa Senhora do Amor Divino e São José esculpidas em mármore, extraído de jazidas ornamentais. Aos domingos, tenho por hábito chegar à Casa de Deus pelo menos uma hora antes; nesse dia, maior a antecedência, haja vista a grandiosidade da solene liturgia. Em minutos recordei meu ontem menino presente às Santas Missas, ordenações e festejos do padroeiro São Pedro de Alcântara cuja imagem se localiza atrás do antigo retábulo e altar-mor, em mármore de Carrara, esculpido por Jean-Marie Joseph Magrou, na França. Por benevolência Divina e proteção de Nossa Senhora do Belo Amor à véspera de meu natalício recebi essa dádiva celeste, bem assim, os paroquianos e munícipes petropolitanos: a Catedral  São Pedro de Alcântara totalmente restaurada. Muitos esforços se somaram, sobretudo, a dedicação dos Excelentíssimos e Reverendíssimos Dom Gregório Paixão, Bispo Diocesano, Padre Adenilson Silva Ferreira, Padre Pedro Paulo Carvalho Rosa, respectivamente Pároco e Vigário Paroquial, com ênfase também, às instituições e equipes. Não mediram esforços á execução da meta. Quem teve o privilégio em participar da Sagrada Eucaristia realizada se encantou com o coral e Orquestra da Universidade Católica de Petrópolis sob regência do Maestro Antônio Gastão, a beleza dos acordes do Maestro e organista Marco Aurélio Lischt, ao dedilhar o órgão de tubos construído e instalado pelo organeiro Guilherme Werner em 1937.  A eloquência e a minuciosa descrição e relato feitos por Dom Gregório durante a homilia e, também, as palavras de Padre Adenilson sobre o desenrolar da obra de restauração foram comoventes. Dom Gregório num dos trechos disse  “Dom Pedro I, 1798/1834, ao comprar a fazendo do Córrego Seco, nela construiria um palácio de verão. E o sonho se realizou.” E mais, Dom Pedro II fundou a cidade de Petrópolis! Confiou ao Major Júlio Frederico Köeler, 1805/1847, projetar a cidade. Determinou fosse construída além do palácio imperial para si e familiares, uma nova matriz, hoje Catedral, um cemitério, dentre outros. E prossegue Dom Gregório, “Em 12 de março de 1876 foi lançada a primeira pedra fundamental, com missa sobre o “Morro do Belvedere” onde hoje se encontra a Catedral.”  Presentes ao ato o Imperador Dom Pedro II, a Princesa Isabel e seu esposo, o Conde d’Eu. Em 1884 foi lançada uma segunda pedra fundamental para alavancar recursos à obra de construção.  Em quinze de novembro de 1889 ao ser proclamada a República a obra foi interrompida e em consequência a família imperial brasileira expulsa de nossas terras.  Por ordem de Dom Francisco do Rego Maia, Bispo de Niterói a obra foi retomado em 1898 e inaugurado em 29 de novembro de 1925. A nova Matriz foi elevada à dignidade de Catedral (mãe de todas as igrejas da diocese) ao ser criada a Circunscrição Eclesiástica de Petrópolis pelo Papa Pio XII, em 13 de abril de 1946. Decorridos 97 anos de sua inauguração e 145 anos, desde  lançada a primeira pedra fundamental nossa Catedral recebeu  a primeira grande obra de restauração. São visíveis suas linhas originais. Agradecemos aos arquitetos Heitor Silva Costa que desenhou a fachada principal (1873-1947)e Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá (1835-1915), por haver traçado a igreja. A obra não se cingiu apenas e tão somente à parte estética, mas a revitalização, a estabilidade do prédio e seus alicerces. Os fieis ou aquele   conhecedor da inundação de 1988 pode avaliar o quanto os alicerces da Catedral foram atingidos. O muro frontal estava por um fio a cair, eram comuns em época de chuva enormes goteiras no interior do presbitério, por isso as obras dos telhados, em forma de cruz, foi vital, bem assim a recuperação dos elementos artísticos. O Mausoléu Imperial guarda os Jazigos dos Imperadores Dom Pedro II e de  Dona Teresa Cristina e, também, o jazigo com os restos mortais da Princesa Isabel e de seu esposo, o Conde d’Eu em bela e artística Capela. A imagem de Nossa Senhora das Graças retornou ao jardim agora bem cuidado e protegido por imponentes grades. Somos profundamente agradecidos ao Imperador Dom Pedro II e à Princesa Isabel pelos inestimáveis préstimos, doações, tendo a Redentora, vendido ações do Banco do Brasil, prazos de terras, dentre outros para a concretização desse sonho e, agora, o BNDS através de sua direção e funcionários, o Governo Federal, enfim, operários,  engenheiros, incentivadores e o povo de Deus direta ou indiretamente disseram sim ao projeto. Os sinos entoam hosanas, o  imenso rebanho de joelhos, mãos postas e em prece emocionado agradece em redobrada fé. E prossegue Dom Gregório Paixão, Bispo Diocesano de Petrópolis, em sua rica e bela alocução: “A Catedral, agora, é testemunha silenciosa e loquaz do sacrifício oferecido a Deus e, contemplando-a imponentemente humilde, nasce uma certeza no coração dos  conhecedores da sua história: quando Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”

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