Republicanos deve ficar com Portos; PP investe em pasta do Bolsa Família
No arranjo político para selar o apoio do Centrão e favorecer a aprovação de projetos no Congresso, o governo Luiz Inácio Lula da Silva prevê uma minirreforma ministerial com mudanças em pelo menos três pastas. A principal delas deve atingir Portos e Aeroportos, cobiçada pelo Republicanos, obrigando o Planalto a deslocar o ministro Márcio França (PSB).
Já o PP, também contemplado com um cargo na Esplanada nesse desenho previsto pelo governo, deseja o Ministério do Desenvolvimento Social, que hoje controla o programa Bolsa Família e tem no comando o petista Wellington Dias, ex-governador do Piauí.
No caso do Republicanos, o cenário mais provável, traçado após um encontro fora da agenda entre Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é que França deixe o posto para entregar o ministério ao deputado Silvio Costa Filho (PE). Essa troca atende a um pedido do partido do deputado Marcos Pereira (SP) por causa do Porto de Santos, área de interesse do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, filiado à legenda.
Proposta
O PP de Lira, por sua vez, vai compor o primeiro escalão de Lula com o também deputado André Fufuca (MA). Lula já concordou com os nomes de Costa Filho e Fufuca; falta definir as pastas. Como mostrou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a proposta do Centrão entregue ao presidente envolve a ida de França para a pasta de Ciência e Tecnologia, hoje com Luciana Santos (PCdoB). Luciana seria realocada no Ministério das Mulheres, comandado atualmente por Cida Gonçalves, que é filiada ao PT.
O PP voltou a insistir na indicação de Fufuca para o comando do Ministério do Desenvolvimento Social. No entanto, Lula resiste e quer manter a pasta com o PT. O Estadão apurou que, diante do impasse, num primeiro momento, o ministério pode ser poupado nesta reforma.
Pressão
A avaliação de líderes é a de que a demora do governo em definir o espaço do PP e do Republicanos na Esplanada elevou a insatisfação dos parlamentares. A recente declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o “poder muito grande” da Câmara, também agravou o clima de atrito.
Além disso, uma romaria de prefeitos a gabinetes de deputados nesta semana reacendeu a insatisfação com a demora na liberação de emendas para as bases eleitorais. Também há a cobrança de que o governo precisa retribuir o apoio que conseguiu na Câmara para aprovação, por exemplo, do projeto que retoma o voto de desempate a favor da Receita no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O próprio Lira tem sido pressionado pelos parlamentares.
Deputados dizem ainda esperar uma contrapartida pelo esvaziamento da CPI do MST. Partidos como Republicanos e União Brasil substituíram bolsonaristas do colegiado por nomes mais governistas, e Lira anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.