• ‘Rensga Hits!’ entra no universo sertanejo com história feminina

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  • 18/08/2022 08:00
    Por Eliana Silva de Souza / Estadão

    Com sua segunda temporada já garantida, a série Rensga Hits! mostra fôlego e se destaca ao tratar do mundo sertanejo, com foco na difícil incursão feminina num universo musical habitualmente machista. Para falar sobre essas mulheres e sua luta diária para conquistar espaço nesse meio musical, a inspiração veio da trajetória da cantora e compositora Marília Mendonça, morta os 26 anos em acidente aéreo no auge da carreira em 5 de novembro de 2021. Criada por Carolina Alckmin e Denis Nielsen, a série está com seus dois últimos episódios disponíveis nesta quinta, 18, no catálogo do Globoplay. Mas a segunda temporada já está confirmada.

    Palavra que suscita curiosidade, rensga é tipicamente goiana e significa algo profundo, impressionante, incrível. Habitual no meio sertanejo, veio daí a ideia de usá-la no título da produção. No centro da história tratada na série, está a determinação de uma garota que tem o sonho de se tornar uma cantora. Ela é Raíssa Medeiros, interpretada por Alice Wegmann, que, após ser traída pelo noivo e deixá-lo no altar, decide partir de vez em busca de seu objetivo.

    Como sempre em sua vida, o apoio da mãe será imprescindível para se tornar cantora sertaneja. E quem foi escolhida para viver esse papel na trama foi Lúcia Veríssimo, um nome que tem muito a ver com esse mundo mais rural. Em conversa com o Estadão, a atriz falou sobre sua personagem, projetos e tudo o que vive e viveu nesse meio sertanejo. “Essa série tem um envolvimento das mulheres que é muito forte, não só as meninas que cantam, mas tudo o que fica ao redor, as produtoras, as donas das gravadoras, tudo é mulher”, destaca.

    Habituada a papéis em novelas, Lúcia avalia que fazer “série é tudo muito rápido, contar uma história inteira em 8 episódios não dá para ter essa profundidade com que estou acostumada com novela, com 200 capítulos”. A atriz vive há muito tempo em sua fazenda, distante da correria da cidade grande, e sua última novela foi Amor à Vida, em 2013. De lá para cá, vem cuidando de sua propriedade e dirigiu seu foco para trabalhos atrás das câmeras. Um desses foi o documentário Eu, Meu Pai e Os Cariocas, sobre seu pai, Severino Filho, que foi um dos líderes do grupo Os Cariocas.

    MUNDO SERTANEJO

    Sobre a série Rensga Hits!, Lúcia descreve sua personagem. “Eu interpreto a Maria Badia, a Bad, como todos a conhecem”, diz a atriz. “Ela é uma mecânica, que criou a filha sozinha porque o pai dessa criança abandonou a Bad no momento em que ela engravidou”, explica.

    Segundo a atriz, “a Bad é essa mulher sofrida, solitária, apesar de ter as duas irmãs, Maria Amália (Guida Vianna) e Maria Alvina Medeiros (Stella Miranda), que seguram a onda. Ela mora com a filha e a sustenta embaixo de um carro, como mecânica”, conta a atriz, que mostra como a personagem e sua história refletem a realidade que muitas mulheres enfrentam. “Não é fácil ser uma mãe solteira em uma cidade do interior do centro-oeste brasileiro. Ainda é um problema.”

    A história principal da série, que é exatamente a luta feminina pela conquista de maior espaço no universo sertanejo, ainda é muito restrita. “Está havendo um movimento feminino grande no mundo sertanejo, da época que eu comecei no mundo rural para hoje, a diferença é enorme.”

    Como diz Lúcia, por estar há muito tempo nesse meio rural, sabe bem quais são os problemas que as mulheres enfrentam. “Sou uma fazendeira há tantos anos, logo que comprei o local, 30 anos atrás, comecei a tratar de tudo, tinha criação de gado leiteiro, plantação, mas aí eu dava ordem e os empregados me desobedeciam, não aceitavam”, revela, dizendo que isso ainda é forte. “Até hoje tenho esse mesmo problema.”

    E isso é algo que se passa na série, o fato de as mulheres precisarem de força e determinação para conquistar espaço. Mas a produção tem também momentos mais divertidos. “Bad é a mal-humorada, aí junta com Guida Vianna, que faz tipo uma vovozinha, e a Stella Miranda. As três juntas parecem as irmãs cajazeiras”, brinca.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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