Relatório de Mario Draghi defende até 800 bi em gastos para tornar UE mais competitiva
O ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Mario Draghi defendeu que a União Europeia deve gastar entre 750 e 800 bilhões de euros adicionais por ano para “competir globalmente” e atingir metas climáticas. O valor equivale a quase 5% do Produto Interno Bruto (PIB), uma proporção maior que a das despesas para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, no chamado Plano Marshall.
Em um longo relatório sobre a economia do bloco encomendado pela Comissão Europeia e publicado nesta segunda-feira, o ex-primeiro ministro da Itália afirmou que o investimento pode ser feito sem sobrecarregar os recursos da economia europeia, mas que o setor privado “necessitará de apoio público para financiar o plano”.
De acordo com o documento, Draghi também se mostra a favor de uma política industrial e subsídios mais agressivos, mudanças na política de concorrência da União Europeia e uma reformulação dos mercados para atrair mais investimentos. O ex-dirigente explica ainda que as dificuldades do bloco devem ser aprofundadas se não houver uma maior competitividade em setores emergentes de tecnologia limpa e digital, que são subsidiadas pela China e Estados Unidos.
O ex-líder do BCE também sugeriu que o processo pode demandar projetos de investimentos conjuntos entre os países da UE, uma proposta que historicamente enfrenta oposição de países como a Alemanha.
Draghi também fez um alerta sobre o cenário geopolítico, dizendo que a Europa deve reagir a um mundo de geopolítica menos estável. “As dependências estão se tornando vulnerabilidades e a Europa não pode mais depender de outros para sua segurança”, pontuou.
*Com informações da Dow Jones Newswires