• Relatório aponta quantidade maior do que a permitida de agrotóxicos na água em Petrópolis

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  • 30/04/2019 12:00

    Apesar da qualidade da água de Petrópolis ser reconhecida nacionalmente e, por este motivo, ter atraído empresas de água mineral e cervejarias para a região, um estudo feito pelo Ministério da Saúde apontou que a água consumida na cidade possui agrotóxicos acima do permitido pela legislação brasileira. Na pesquisa divulgada no último dia 15 de abril, os dados indicam a presença de 27 substâncias na água que abastece o município entre os anos de 2014 e 2017. Ainda segundo informações, 11 delas estão associadas a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos.

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    Após análise, foi detectado que o agrotóxico Aldrin estava acima do limite considerado seguro no Brasil, entre 2014 e 2017. Essa substância presente na água do município faz parte da lista de poluentes orgânicos persistentes, capazes de se transportarem por longas distâncias pelo ar, água e solo, podendo acumular em tecidos dos organismos vivos, sendo preocupantes para a saúde humana e meio ambiente. O Brasil é signatário da Convenção de Estocolmo, que tem como compromisso eliminar os estoques e resíduos desses poluentes como um todo.

    Além deste, outros três agrotóxicos foram detectados acima do limite considerado seguro na União Europeia: Diuron, classificado como altamente perigoso e reconhecidamente cancerígeno pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA); Glifosato, que é o agrotóxico mais vendido no Brasil, avaliado também como altamente perigoso, sendo ainda classificado como provável cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), e também o agrotóxico Metolacloro, muito perigoso para o meio ambiente.

    De acordo com Rafaela Facchetti, presidente do Comitê Piabanha, a problemática é apontada como novidade para os órgãos públicos. Entretanto, no meio acadêmico, o assunto é antigo e muito sério.
    "Não podemos pensar em agrotóxicos somente com vistas para a Secretaria de Meio Ambiente. Quem deve estar presente nessa luta é a Secretaria de Saúde, pois o principal problema diante desse cenário é a saúde pública", disse.

    Rafaela ainda apontou a posição do Comitê sobre as substâncias e destacou a necessidade de um monitoramento severo a longo prazo. "Nós temos a convicção de que os agrotóxicos precisam ser banidos. Isso leva tempo, e, principalmente, conhecimento que deve ser levado aos agricultores. Precisamos de bons estudos, para não nos apoiarmos em casos pontuais", completou.

    O mapa foi construído pelas organizações Agência Pública, Repórter Brasil e Public Eye, com base em relatórios extraídos do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Governo Federal. Com a divulgação de detalhes pelas distribuidoras de águas ou prefeituras, é possível identificar a quantidade de agrotóxicos na água consumida, se a mesma está dentro dos parâmetros permitidos por lei, tipos de substâncias e o nível de toxidade de cada um deles.

    Apesar dos dados apontarem quantidade superior de agrotóxicos ao permitido, a subconcessionária Águas do Imperador não reconheceu o problema e informou que “em conformidade com o Ministério da Saúde, através da Portaria de Consolidação Nº 5, anexo XX de 28 de setembro de 2017, são realizadas, semestralmente, análises de monitoramento em todos os sistemas de abastecimento. As análises contemplam 94 parâmetros, dentre eles os agrotóxicos e herbicidas citados na pesquisa, respeitando os limites estabelecidos na Legislação Brasileira”.        

    Além disso, a empresa disse que são realizadas análises mensais de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos por laboratórios de controle com sistema de gestão baseado na ISO 17.025/17. Os relatórios com os resultados da qualidade da água são enviados mensalmente ao Ministério da Saúde e também disponibilizados à Vigilância Sanitária Municipal, não havendo comprometimento da qualidade da água distribuída pela empresa, conforme a legislação brasileira.

    A Prefeitura também não reconheceu o problema e afirmou que “amostras de águas coletadas pela Coordenadoria de Vigilância Ambiental apontam que Petrópolis apresenta nível de agrotóxico abaixo do limite de detecção. As análises foram realizadas pelo Instituto Evandro Chagas, nos anos 2014, 2015, 2016 e 2017. Foram verificadas amostras de águas fluviais de regiões como Taquaril, Bonfim, Rio Santo Antônio (Itaipava)”. Segundo a Prefeitura, a coordenadoria ainda aguarda os resultados, dos exames feitos pelo Instituto em 2018.

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