Rejeição alta: mais de 94 mil eleitores deixaram de votar
Petrópolis registrou recorde no número de abstenções, votos nulos e brancos nas eleições de ontem. Foram 94.441 votos perdidos – o que representa 38,6 % do eleitorado da cidade, que é de 244.648. O número é maior que a quantidade de votos de qualquer candidato. Parece que a abstenção ganhou as eleições municipais de 2016.
Na votação para prefeito, o número de pessoas que não saiu de casa para votar, ou seja, de abstenções, foi de 58.073, correspondendo a 23,74% do eleitorado. Já o número de votos brancos foi de 10.480, que corresponde a 5,68%. E o número de votos nulos foi de 25.888, que corresponde a 13,88%.
Nas últimas eleições para prefeito em Petrópolis, em 2012, a cidade já havia apresentado número expressivo de votos nulos, brancos e de abstenções. No primeiro turno para prefeito, em 2012, foi 72.698 o total de abstenções, votos nulos e brancos, o que correspondeu a 30,11% do eleitorado.
Foram 44.652 abstenções (18,5%), 18.042 votos nulos (7,47%) e 10.004 votos brancos (5,08%). Já no segundo turno, o número total de abstenções, votos nulos e brancos aumentou e foi para 85.614, que correspondeu a 35,46% do eleitorado. Foram 54.480 abstenções (22.57%), 23.328 votos nulos 12,48%) e 7.806 votos brancos (4,18%). Naquele ano, a média nacional de votos nulos havia sido de 19%.
Eleitores apontam os últimos escândalos de corrupção que vieram à tona na Operação Lava Jato como possível fator que influenciou no descrédito da política e aumento das abstenções nas eleições. “Com certeza, as denúncias de corrupção que temos visto deixam as pessoas desacreditadas. Mas, em nosso cenário atual, não vejo a abstenção como uma saída. Não resolve as coisas.
Acho que a sociedade tem que se organizar de alguma outra maneira para cobrar da classe política uma melhor administração da coisa pública”, opinou Renan Vargas Vieira, de 27 anos, que trabalha com Comunicação e Marketing na Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Apesar do alto número de abstenções na cidade serrana, há entre os eleitores aqueles que fazem questão de exercer seu direito democrático e veem a atitude de se abster como fator empobrecedor do debate político. “Sou meio brigona, gosto de opinar. Acho que se não faço o que é meu dever, eu perco meu direito”, disse a dona de casa de 73 anos, Leila Maria Rinaldi Vieira. Pela lei, Leila não tinha mais obrigação de votar, mas, mesmo assim, faz questão de exercer seu direito democrático.
“Esse tipo de campanha (por votos nulos e abstenção) é perigoso, porque acaba afastando as pessoas do debate político”, disse Renan. “Empobrece o debate. A pessoa que vota nulo, geralmente nem analisa propostas, não corre atrás de conhecer os candidatos, não vai se munir de informações”. Renan conta que assim que fez 16 anos tirou o título de eleitor, pois fazia questão de votar e, desde então, vem apostando nos candidatos com os quais se identifica. “Acho importante, pelo menos no primeiro turno, a pessoa votar em quem realmente acredita, não se preocupando se ele tem chances grandes de ganhar ou não. Se não for assim, os candidatos ‘peixe pequeno’ nunca chegam a ser ‘peixe grande’”, disse.
Os eleitores que não votaram e nem justificaram a ausência neste domingo têm até 60 dias depois da votação para efetuar o procedimento. O formulário está disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).