• Reforma política

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  • 29/10/2016 09:01

    Enquanto escolhemos nosso prefeito dentre um dos dois candidatos pré-selecionados pelo cartel de partidos, cumprindo o ritual que o poeta Fernando Pessoa tão precisamente denunciou (“o eleitor não escolhe o que quer; escolhe entre o isto e aquilo que lhe dão, o que é diferente”), Brasília faz o que gosta: amplia os privilégios da Corte.

    A Comissão especial da reforma política na Câmara já tem presidente (Lucio Vieira Lima, PMDB-BA) e relator (Vicente Cândido, PT-SP). Além da volta da cláusula de barreira, remédio contra a “proliferação” de siglas (o que melhor seria alcançado com a extinção das benesses que fazem dos partidos e entidades religiosas dois surpreendentes “nichos de mercado”), do voto de lista e do fim das coligações proporcionais, buscam os doutos maior financiamento público das atividades partidárias. O deputado Marcos Pestana (PMDB-MG) já apresentou um projeto: o Fundo Especial de Financiamento da Democracia seria formado com 2% do Imposto de Renda, rendendo 3 bilhões por ano contra os 724 milhões atuais do Fundo Partidário. Haja “democracia”! 

    Quando PMDB, PT e PSDB conversam em Brasília, convém retirar da sala as crianças. Diante de tal proposta, este velhote de Petrópolis retruca: a serem exatos os dados do TSE, seriam filiados a partidos cerca de 15 milhões de eleitores (sobre universo de 144 milhões); pareceria mais ético que cada filiado contribuísse com 17 reais por mês para a constituição deste Fundo. Já que só os filiados a partidos são autorizados a dar pitaco na seleção dos candidatos, não se vislumbra porque seria o custeio das siglas distribuído entre todos os eleitores… Quem contribui com o dízimo nas Igrejas e Templos são os fiéis de cada uma; quem sustenta clube de futebol são os sócios e os torcedores; quem agüenta as pontas na iniciativa privada são os acionistas ou cotistas; quem mantêm associações são os associados. Por que raios deveríamos nós pagar para sustentar PMDB, PT, PSDB e outras preciosidades deste jaez? Os partidos que mostrem mínima competência para se financiar honestamente, ou que sumam sem deixar saudades.

    Hoje, fala-se em bancadas ruralista, evangélica, sindicalista, de “movimentos sociais”, empresarial, usineira, etc… Pois vamos logo às fontes, sem “atravessadores” que só turvam a percepção dos fatos e ainda custam caro, permitindo os candidatos avulsos apresentados por segmentos sociais reais. Partidos que custeiem as suas próprias despesas, e defendam doutrina, ideologia, plataformas às suas expensas, podem e devem sobreviver. Mas as cracas atuais, grudadas nas pessoas? Façam-me o favor! Pretenderem viver às custas do povo é um escárnio. Já pagamos R$ 30 milhões pela nossa Câmara que poderia custar uma fração dessa grana, e ainda vamos sustentar mais essa erva de passarinho?  

    A reforma política que interessaria ao povo seria: a) fim do monopólio eleitoral dos partidos e admissão concorrencial de candidatos avulsos;  b) fim dos subsídios e privilégios a partidos. Ponto final.

    Algo me diz que as minhas opiniões vão me valer novos amigos… Faz parte, pois não?

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