Reflorestamento pode ajudar Petrópolis a recuperar áreas degradadas por ação humana
As áreas de mata verde em Petrópolis têm sofrido com o passar dos últimos anos. Além de uma série de queimadas, que têm destruído ecossistemas e a natureza, os crimes ambientais vêm trazendo impactos que podem interferir completamente na preservação do solo, na estrutura de determinadas regiões, além da eliminação de espécies endêmicas, que só existem no município.
Com o objetivo de recuperar áreas e auxiliar no repovoamento das florestas destruídas, as Engenheiras Agrônomas Carolina Rodrigues e Rafaela Santana têm desenvolvido um trabalho de conscientização e reparação em diversas localidades. Seja em propriedades particulares ou através de ações como o projeto social ‘Semeamando’, que estimula o plantio, alimentação saudável e reflorestamento, a intenção é fazer com que a cidade volte a “respirar bons ares”.
“Devido à perda de grandes massas florestais, vitais para absorver CO2, gerar oxigênio e lutar contra as mudanças climáticas, o plantio intensivo de novas árvores torna-se necessário para evitar a perda de ecossistemas e frear a deterioração do planeta. Para fazer este trabalho, o primeiro passo é um estudo de campo, onde iremos analisar o terreno e verificar as condições do local: desde o solo (profundidade, textura, fertilidade), clima e o tipo de população que habita o ecossistema, como a fauna e flora nativa.”, detalham.
O reflorestamento pode ser feito de forma natural, que se dá por meio do equilíbrio de biodiversidade, através da ação de pássaros, roedores, morcegos e outros, que se alimentam dos frutos de árvores e realizam a dispersão de sementes ou intencionalmente, quando as árvores são plantadas sequencialmente pelo ser humano, em larga escala e de forma mais ágil.
“Caso seja um local onde a degradação é pontual, podemos deixar que a natureza retome a sua forma original, após eliminar os fatores de degradação, ou seja, os fatores limitantes que estavam impedindo a regeneração natural. Eles podem ser caracterizados como: erosão, baixa fertilidade do solo, elevados teores de alumínio tóxico, presença de gramíneas muito competitivas e outros. Contudo, quando o desmatamento já atingiu grandes proporções, quando não existe um fragmento de vegetação nativa próxima, ou quando se pretende realizar o reflorestamento em um menor período de tempo, é preciso a intervenção humana. Nestes casos, o mais indicado é o plantio de espécies nativas daquela região. Pois, são plantas mais adaptadas ao clima, altitude e, provavelmente ajudarão para que a floresta recupere o seu equilíbrio biológico mais rapidamente.”, explica Carolina.
O plantio de espécies nativas segue uma ordem cronológica com classificação em grupos. Inicialmente são plantadas as pioneiras, depois as secundárias iniciais, tardias e espécies clímax. De acordo com as especialistas, as florestas tropicais têm a maior megadiversidade do mundo, com cerca de pelo menos 50% de todas as espécies do planeta.
“É importante para o reflorestamento de áreas degradadas, se atentar a duas características essenciais das plantas: tempo de crescimento e adaptação ao solo e clima. Esses atributos fazem com que elas se desenvolvam em um ritmo mais acelerado e, desta forma, promovem uma rápida cobertura na área a ser recuperada. É necessário preparar o terreno, escolher as ferramentas adequadas e optar pela técnica menos invasiva. Além disso, devemos considerar a altura e a cobertura de cada nova planta para que não prejudiquem umas às outras”, diz Rafaela.
Confira espécies adequadas para o plantio:
• Paineira: apresenta rápido crescimento e boa cobertura do solo, em função da circunferência da sua copa;
• Farinha seca: árvore pioneira e de rápido crescimento. Produz frutos que amadurecem de setembro a outubro;
• Açoita cavalo: recomendada para solos nutricionalmente pobres;
• Mutambo: cresce rápido, podendo atingir 4 metros de altura em apenas 2 anos. Além disso, produz frutos muito apreciados pelos animais;
• Árvores frutíferas e com floração atraente para atrair animais e insetos para realizar a dispersão de sementes. Um fator muito importante para o sucesso do projeto de reflorestamento é a diversidade de espécies por hectare.