‘Refleti sobre o mundo que meus filhos iam herdar’, diz diretor Don Hall
Na animação Mundo Estranho, da Disney, a família Clade vive em Avalonia, um país fictício e meio escondido em um vale. Jaeger (voz de Dennis Quaid na versão original) quer ser definido como um grande explorador e descobridor do que havia além das montanhas. Ele tem certeza de que seu filho Searcher (voz de Jake Gyllenhaal) também é aventureiro e vai seguir seus passos. Mas não. Em uma das expedições, Searcher encontra o Pando, uma planta que fornece energia, e volta para mudar a vida dos habitantes de Avalonia.
Jaeger some. Seu filho vira um feliz fazendeiro, cultivando a planta mágica. Anos depois, o adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White), filho de Searcher e da piloto Meridian (Gabrielle Union), mostra a mesma vontade de desbravar o mundo do avô, que nunca conheceu.
O conflito, portanto, é geracional. “Quando comecei a pensar em meu próximo filme, ali por 2018, o que estava na minha cabeça eram meus filhos”, contou o diretor Don Hall. “Eu estava pensando muito e bastante profundamente sobre o mundo que eles iam herdar, o que me levou a refletir sobre o mundo que eu herdei do meu pai.” Basicamente, a gênese de Mundo Estranho foi a pergunta: o que significa ser um bom ancestral?
Daí para pensar também em uma mensagem mais geral sobre o planeta que estamos deixando para as próximas gerações foi um pulo. “A coisa mais importante para pensarmos agora é como vivemos neste mundo, sobre o qual temos tanto controle, e como o tornamos habitável ou não. Acredito que estamos em um ponto de virada”, disse Hall. Qui Nguyen apontou como é difícil para os seres humanos pensarem a longo prazo. “Jaeger quer que Searcher seja um explorador porque é a maneira como compreende o mundo, é algo que oferece uma resposta imediata”, disse. “Dá medo deixar seu filho ou filha ser o que eles querem ser, para que o legado cresça por si só. E essa é uma mensagem que serve em termos emocionais e também ambientais. Se você plantar uma semente hoje, não vai ver a árvore crescida amanhã. Mas é melhor ter aquela árvore e deixá-la ser o que precisa ser.”
Searcher Clade vai precisar sair de sua vidinha pacata para embarcar em uma nova aventura quando a presidente de Avalonia, Callisto Mal (voz de Lucy Liu), descobre que o Pando está sendo atacado por uma praga, pondo em perigo todo o fornecimento de energia. E assim Searcher, Meridian e Ethan vão parar no tal mundo estranho do título. Um lugar onde o céu é rosa, os animais são estranhos, alguns deles parecendo bolhas transparentes, e plantas geram eletricidade.
O filme foi buscar suas inspirações em Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne, A Máquina do Tempo e O Homem Invisível de H.G. Wells, os livros de Conan Doyle com Sherlock Holmes, Os Caçadores da Arca Perdida, de Spielberg, King Kong, clássico de 1933, nos quadrinhos de Tintin e nos romances pulp fiction. “Não impusemos fronteiras para a criação deste universo”, admitiu Roy Conli. Don Hall sabe como é raro fazer algo original em uma indústria dominada pela propriedade intelectual conhecida. “É um privilégio e tanto gerar uma história própria e inspirar um grupo de artistas maravilhoso para contá-la.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.