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  • 11/04/2021 08:00
    Por Ataualpa Filho

    Espera-se que, após esta pandemia, o homem esteja mais humano. Não podemos deixar de esperançar. Esse exercício da fé é antidepressivo, fortalece a resiliência, aumenta a resignação sem levar ao comodismo, nem ao desânimo. Quem carrega dentro de si um pouco de consciência social sabe que até as plantas seguem o caminho da luz.

    Iluminar-se e perseverar para superar os obstáculos. A água fura pedra pela persistência, pelo tanto bater.A chamada “luz do fim túnel” está dentro de nós.Temos que acreditar em nossas mãos, precisamos caminhar em ação de resistência. O amor é a liga dessa integração. As manifestações de carinhos consistem em uma linguagem universal, porque toca a nossa alma independente do tempo e do espaço. Por isso que o amar alicerça a ternura e procura a paz. Vivemos um momento em que a união, inquestionavelmente, é a solução mais viável para superar o caos que atravessamos.  E aqui cabe lembrar a frase de Martin Luther King: “Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque a gente não pode desistir da vida”.

    Por natureza, sou otimista, porque é o mínimo que um cristão pode ser. Não há fé sem esperança. Mas isso não impede ninguém de analisar a realidade, expondo os problemas que prejudicam a vida da população. Como vivemos em sociedade, a organização desta depende de um sistema político que faça prevalecer o bem comum. Mas,no momento, este se vê esquecido.

    A defesa da vida se coloca em primeiro lugar, porque é o bem maior que nós temos. Por essa razão, a morte não pode ser banalizada e analisada na frieza das estatísticas. Basta ter um pouco mais de sensibilidade humana para entender que a indignação é inevitável. Não é possível aceitar pacificamente tanta indiferença diante do clamor de um povo que não quer morrer à míngua. Em nosso país, já ultrapassamos a marca de 345 mil óbitos provocados pela Covid-19. A população de Petrópolis está em torno de 306.678 habitantes. Em comparação com o número de óbitos citados, tem-se a noção de que, em um ano, a população de um município foi exterminada. Trata-se, portanto, de uma tragédia. E o que mais nos entristece é que grande parte dessas mortes poderiam ser evitadas se tivéssemos um sistema de saúde mais aparelhado e menos corroído por atos ilícitos. A corrupção no sistema de saúde tem uma enorme parcela de culpa. Por isso, costuma-se afirmar que esses lesadoresda Pátria estão com as mãos sujas de sanguedo povo brasileiro.

    A desestruturação de milhares de família trará consequências imensuráveis. A desestabilização emotiva de tantas pessoas levará a um desequilíbrio psíquico muito forte. Já se instalou outra pandemia no âmbito da instabilidade emocional. Cresceu o número de suicídio. Por isso, as ações solidárias são imprescindíveis. O sabor deste presente tão amargo precisa dos doces gestos altruístas. Hoje a partilha do pão é uma questão de sobrevivência. As ações caritativas nos impulsionam para uma compreensão dos problemas que afetam a sociedade.Não somente no campo da economia, mas também no que se diz respeito às relações afetivas, ao equilíbrio emocional, psíquico…

    Precisamos recomeçar. E, neste recomeço, o uso das máscaras, as medidas higiênicas, as prevenções sanitárias para evitar a proliferação de doenças serão primordiais. Nunca foi tão difícil ser feliz. E, para aqueles que perderam entes queridos, a felicidade ficou ainda mais distante. Mas a vida tem que continuar. Vamos tocando o barco perseverantemente, remando unidos par atravessar esse mar de lama no qual naufraga a política do país. Vamos de mãos dadas, resgatando a autoestima, a empatia, a gratidão, mantendo a fé, mesmo colocando a esperança na ponta da utopia. A razão de viver também se alimenta por este sonho de mudar o mundo.

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