Rebeca Andrade evita lamentar perda do pódio na trave: ‘Sou a 4ª melhor do mundo e aceito isso’
O quarto lugar na trave da ginástica artística não incomodou Rebeca Andrade. A brasileira evitou reclamar da nota dada pelos juízes e se mostrou satisfeita com seu desempenho, ainda que tenha ficado fora do pódio na Olimpíada de Paris-2024. Pouco depois ela conquistou o ouro no solo, superando a lenda Simone Biles.
“Não era pra acontecer e está tudo certo. Sou a quarta melhor do mundo e aceito isso. Não foi a minha melhor série, mas também não foi ruim. Na minha cabeça, isso é excelente”, considerou a ginasta brasileira.
A atleta não quis arriscar e fez uma prova simples e segura. Com alguns desequilíbrios durante a execução e erros nas conexões dos movimentos, teve uma nota de partida, a que compreende o nível de dificuldade, baixa. Ela recebeu 5,700 pelo grau de dificuldade e 8,233 pela execução, o que lhe rendeu 13,933 como nota final.
Ela explicou o que deu errado em sua série a ponto de deixá-la fora do pódio. “Claro que eu queria ter todas as minhas ligações, toda a série para a qual eu me preparei. São coisas que acontecem: o quadril sai da posição, uma reversão balança o braço, você não consegue puxar”, explicou.
Caso tivesse repetido a série da fase de classificação (14,400), Rebeca teria conseguido o ouro. Alice D’Amato, da Itália, foi a campeã olímpica da trave. A prata foi dada à chinesa Yaqin Zhou e o bronze ficou com a também italiana Manila Esposito.
E a brasileira provou que não ter ganhado medalha na trave não lhe afetou, tanto que, minutos depois, fez uma apresentação de brilho no solo, superou Simone Biles e colocou seu primeiro ouro em Paris no pescoço.
“É uma preocupação que as pessoas que estão vendo de fora sentem mais do que a gente. Se eu tivesse feito uma série ruim eu teria ficado preocupada, mas não foi ruim, e fui para o solo fazer o meu melhor e foi suficiente”, contou ela.
Rebeca ainda ficará em Paris porque quer assistir à seleção feminina de vôlei. Quando deixar a cidade, sairá com o sentimento de “missão cumprida”, como ela mesmo definiu, com o conhecido clichê. Foram quatro medalhas que, juntos das duas conquistas em Tóquio, lhe tornaram a maior medalhista olímpica da história do Brasil.
“Muito feliz e honrada por estar nessa posição. É algo difícil de ser conquistado. A gente treina bastante, bate na trave, às vezes não acontece. É uma honra representar e mostrar que é possível”, ressaltou. “Tem a vontade também, o foco, o desejo de fazer acontecer. Mesmo nos dias ruins, com medo, sem medo, tem que ir. Tem dias que são mais leves e eu senti que todos os dias foram leves aqui”.
Há dois dias, ela havia admitido que estava “gigante” Quando foi perguntada como se definiria agora, depois de encerrada a sua jornada de brilho na capital francesa, respondeu: “Acho que a palavra é ‘grandona’. Rebeca Andrade, a grandona”.