• Rayssa Leal: ‘Antes um pódio estava bom, mas agora eu quero estar sempre no topo’

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  • 06/11/2022 10:10
    Por Marcio Dolzan / Estadão

    Campeã das três etapas da Liga Mundial de Skate Street (SLS, na sigla em inglês), Rayssa Leal entra como favorita na disputa do título mundial, que acontece neste domingo, no Parque Olímpico da Barra, no Rio. O título do Super Crown, como é chamada a disputa, daria a ela a coroação merecida para uma temporada impecável.

    A menina que encantou o mundo vestida como Fadinha e, ano passado, chegou à prata olímpica com apenas 13 anos de idade, não para de crescer. Ela ainda entra na pista para se divertir, mas é também cada vez mais competitiva: “Antes eu era ‘ah, um pódio está tudo bem’, mas agora eu quero estar sempre no topo”, disse Rayssa, nesta entrevista ao Estadão.

    Aos 14 anos, a medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio está cada vez mais desenvolta. Nas entrevistas, as respostas são aceleradas, mas assertivas. E tudo isso sem esquecer aquele seu jeito moleque e carinhoso, em especial com a família. A menção aos pais e a atenção ao irmão mais novo – “ele é meu bebê” – estão sempre presentes, assim como a vontade de ir pra pista. “Eu quero é me divertir!”

    Você venceu todas as etapas da SLS este ano, e ano passado você conquistou uma medalha olímpica. Este é seu melhor ano na carreira, ou aquele que te levou ao pódio olímpico ainda é o mais importante?

    Ah, com certeza ainda virão melhores, mas hoje este é o melhor de todos. Eu ando treinando muito bem, aprendendo também, me cuidando bem melhor, tanto no físico, quanto no mental. Pô, ganhei três Street League até aqui e posso fechar o ano com quatro. Vou ficar muito realizada se isso acontecer, porque bati duas vezes na trave. Espero que nesta dê certo. Mas é só felicidade, porque vai estar todo mundo junto assistindo ao campeonato de skate, e porque podemos mudar a cena do skate também.

    Você falou que está trabalhando muito a parte mental. Como é, com apenas 14 anos, lidar com medalha olímpica, com os títulos, com essa projeção mundial? Como você trabalha isso?

    Cara, a melhor coisa que eu e meu time fizemos foi começar o trabalho com minha psicóloga. Eu sou muito novinha e tudo aconteceu muito rápido; pra eu não ficar muito confusa com tudo o que está acontecendo, isso foi muito importante. Eu converso demais com a Gi (Gissele Serra Angeliéri, psicóloga). Acho muito importante para nós, atletas, poder falar quando algo estiver incomodando. É muito bom se cuidar.

    Nesse sentido, muitos dos seus títulos são decididos na última manobra. Como é chegar para a última manobra sabendo que é preciso conseguir uma nota boa? Isso atrapalha, deixa mais nervosa, ou serve como motivação extra?

    Isso me traz mais confiança, na verdade. É meio que ‘eu posso decidir um campeonato na última manobra (então não preciso me preocupar)’. Eu penso como tenho que chegar, e se for uma manobra difícil minha mãe sempre fala ‘presta atenção no teu pé!’, porque às vezes eu coloco ele um pouco mais pro lado e acabo não conseguindo flipar (fazer a manobra em que o skate gira no ar para trás). Minha mãe me ajuda muito nessa questão, e de confiança também. Precisa ter muita confiança e ser bastante fria para chegar na última manobra com tranquilidade. Antes eu era ‘ah, um pódio está tudo bem’, mas agora eu quero estar sempre no topo. Se Deus quiser, vai dar tudo certo. Eu fico bem mais animada; sabendo que eu posso ganhar um campeonato na última manobra, eu fico pilhada demais e dá tudo certo.

    Na sua opinião, por que o Brasil está produzindo tantos bons skatistas?

    É cuscuz! Brincadeira… Ah, o skate no Brasil – tirando os Estados Unidos – é um dos países que têm mais skatistas, e temos muitos skatistas bons. E isso não só em campeonatos, mas de rua também, como o Tiago Lemos. Ele é um dos máximos, o Luan (de Oliveira) também, pô, têm vários. As pessoas pensam que skate é só campeonato, mas não é. Tem as de fora, tem vídeo, tem por marcas. O skate vem sempre crescendo no Brasil, e nós temos uma facilidade muito grande de aprender manobras. A gente leva jeito pra tudo, pra jogar futebol, jogar vôlei, e andar de skate também.

    O que você achou da pista preparada para o Super Crown?

    A pista ficou muito boa, o único porém é que está bem alta. A gente sai de Las Vegas, que era bem mais baixa do que aqui… Tudo vai dar certo, é só confiar em Deus. Tirando isso, é só se divertir.

    Última pergunta: o Brasil vai ganhar a Copa do Mundo?

    Com certeza! O Hexa vem!

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