• Rafael, o amigo de D. Pedro II

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  • 08/01/2019 10:40

    Complementando um pouco da história de Rafael, o anjo protetor de D. Pedro II, comentado em uma crônica anterior – “Um crônica do outro mundo”.

    “O Imperador Dom Pedro II sempre abominou a escravidão, não possuía escravos e sim empregados assalariados, e desde a declaração de sua maioridade, quando herdou quarenta escravos, libertou todos. Os mesmos passos sempre foram seguidos por suas filhas e aqueles que desejavam a admiração do Imperador.

    Um dos maiores amigos do Imperador, desde sua infância foi um ex-escravo chamado Rafael, nascido em 1791 em Porto Alegre, e que durante a Campanha da Cisplatina admirou Dom Pedro I. Desde o nascimento do então Príncipe Imperial do Brasil, Rafael foi apontado como criado de Dom Pedro II. Com a partida de seu pai e de sua madrasta, a Imperatriz Dona Amélia, o “órfão da Nação” foi criado com muita rigidez por seus tutores, e, solitário, tinha somente a suas irmãs e ao criado Rafael para proporcionar momentos de liberdade e descontração, ou de alento nas situações difíceis.

    Rafael assumiu todas as funções com relação ao jovem Imperador, dando-lhe afeto, carregando-o nos ombros e dando-lhe dando refúgio no seu quarto quando não queria estudar. Assim como dormindo próximo a ele, quando se assustava nas noites, acalmava-o, contando-lhe histórias de ninar ou para sua diversão, arrumando-lhe a roupa e dando banhos. Com o passar dos anos o Imperador-Menino ensinou seu protetor Rafael a ler e a escrever.

    O Primeiro Criado Particular do Imperador se manteve por mais de trinta anos ao lado de Dom Pedro II em suas funções, acompanhando-o em todas as suas viagens, e como amigo até o fim de sua vida.

    Já muito velho, Rafael, com noventa e oito anos, faleceu em 16 de novembro de 1889, abalado ao tomar conhecimento da prisão do Imperador Dom Pedro II no Paço Imperial e a Proclamação da República. De acordo com Múcio Teixeira, autor de uma versão romanceada de sua vida, intitulada “O Negro da Quinta Imperial”, suas últimas palavras foram: – “Que a Maldição de Deus caia sobre a cabeça dos algozes “.

    Assim, como relata a história, Rafael foi fiel ao Imperador até seus últimos momentos, confirmando o elo entre os dois, mais nobre que a própria nobreza que os distanciava socialmente e, muito mais humana que a pretensa “nobreza” atual. Portanto, a ninguém mais o espírito do Imperador confiaria a missão de resgatar o rumo desviado pelos eternos  “algozes” do país” – acredite quem quiser.

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