• Quem explica?

  • 26/09/2018 18:54

    Executivos de ética maleável foram colocados em postos-chave de estatais e ministérios por partidos políticos adeptos do saque ao bem-comum, graças à iniciativa ou à tolerância das maiores lideranças da Nação. Era sua missão cobrar pedágio das grandes empreiteiras que pretendessem participar de licitações de obras, bens e serviços.

    A prática vicejou por um bom tempo, movimentando somas assombrosas. O Brasil capotou na corrupção e o luxo idiota de alguns foi custeado pelo sacrifício de milhões.

    Delegados, promotores e juízes federais constataram indícios e, contra os hábitos arraigados, resolveram exercer a plenitude as suas funções. Daí nasceu a Lava-Jato e a quebra em série de velhos tabus de Pindorama.

    Empresários, executivos, gestores públicos, lideranças partidárias, tesoureiros  de siglas, marqueteiros, doleiros, numerosos implicados nos ilícitos que o linguajar político fantasiou de “malfeitos” – mal feitos por não terem passado despercebidos – foram investigados, denunciados, sentenciados e muitas vezes punidos com uma justa severidade tão surpreendente quanto bem-vinda. Notem a delicadeza de nossos (nossas) líderes ao tratar por malfeitos as propinas sobre próteses, obras imensas e inviáveis,  compra de refinarias ferro-velho, eleições viciadas, conjuntos habitacionais que viraram pó, ferrovias que ligaram parte alguma a lugar nenhum.

    O Brasil, estarrecido, ficou sabendo que bilhões de reais, dólares e euros desapareceram das contabilidades oficiais para transitarem em uma outra dimensão, num mundo paralelo de cuja existência ninguém suspeitava no dia-a-dia normal.

    As punições às sórdidas roubalheiras, mães das misérias do Brasil, alcançaram as empresas, levadas a firmar acordos de leniência assim como as pessoas físicas precisavam colaborar com delações premiadas. E assim fizeram objeto de multas gigantescas as sociedades que fraquejaram ante a tentação ou não resistiram às pressões.

    Mas, me digam, qual foi a punição imposta aos geradores da onda de podridão, os partidos políticos? Pois foram eles a conceber a roubalheira, a receber rios de dinheiro sob o rótulo ameno de caixa dois, visto como irregularidade eleitoral, coisa de somenos importância aos olhos do Olimpo. Já haviam os partidos, antes desta onda do mal, criado o monopólio eleitoral, esquecidos até da definição de partidos (ferramentas do povo para a prática da democracia) para somente se dedicarem às reles roubalheiras. Vejo, no atual processo eleitoral, alimentado por bilhões, de dinheiro do povo, as mesmas siglas safadas que corromperam as empresas e pessoas ora expostas no pelourinho. São estes partidos a nos dizerem quem pode ser votado. Os mais culpados dentre os culpados, os mais podres dentre os podres, os mais ladrões no seio de sua classe são os escultores, os Rodins,  do novo Brasil. Acordo de leniência? É para os trouxas. Para os partidos que arrasaram o Brasil, grana e rede nacional de rádio e TV gratuita.

    Deu para entender? Então me expliquem. E, se crimes eleitorais são coisa pouca, porque ofereceram aqueles hiper-palácios ao TSE para que melhor os coibisse?

    Avulsos neles, remédio contra o monopólio!

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