• Queda de 6,1% nas vendas do varejo em dezembro é a maior para o mês da série

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  • 10/02/2021 11:19
    Por Estadão Conteúdo

    A queda de 6,1% nas vendas do varejo em dezembro ante novembro do ano passado, informada nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi a maior para meses de dezembro da série histórica da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), iniciada em 2000. Foi também a maior queda desde o tombo de 17,2% em abril ante março de 2020. Com o recuo no último mês do ano, as vendas do varejo anularam os ganhos registrados nos meses de recuperação após o fundo do poço na crise causada pela covid-19, atingindo o mesmo nível de fevereiro de 2020.

    O desempenho de dezembro ficou muito abaixo do esperado por analistas de mercado. A mediana das estimativas captadas pelo Projeções Broadcast apontava para uma queda de 0,60% ante novembro. A mediana foi calculada a partir do intervalo entre uma queda de 2,0% e um avanço de 0,50%.

    Com o tombo de 6,1% em dezembro, houve uma queda de 0,2% nas vendas no quarto trimestre ante o terceiro trimestre de 2020, após um salto de 15,5% no terceiro trimestre ante o segundo. Assim, as vendas do varejo fecharam 2020 com alta de 1,2% ante 2019. Foi a quarta alta anual seguida, mas a variação menos intensa desses quatro anos.

    Fatores

    Segundo Cristiano Santos, gerente da PMC, uma série de fatores explicam o tombo de dezembro, mas o principal deles foi um “ajuste estatístico”. Nos meses de recuperação das vendas após os tombos de março e abril, o nível da atividade do varejo atingiu em outubro o recorde da série do IBGE. Naquela ocasião, estava 6,6% acima do nível de fevereiro, antes de a pandemia se abater sobre a economia.

    “O patamar estava muito alto. Quando tiramos as influências sazonais, estava muito alto. É muito difícil crescer em cima do que já havia crescido”, afirmou Santos.

    Os outros fatores por trás da queda nas vendas em dezembro citados pelo pesquisador do IBGE foram a redução do valor do auxílio emergencial pago pelo governo a trabalhadores informais (que foi cortado à metade nos últimos meses de 2020), a antecipação de vendas para novembro (por causa das promoções da Black Friday, fenômeno que vem ocorrendo nos últimos anos), a pressão da inflação de alimentos sobre as vendas dos supermercados e um Natal ruim para alguns setores, como o de vestuário.

    Segundo Santos, em dezembro especificamente, o efeito da inflação sobre o volume de vendas dos supermercados “nem foi tão grande assim”. Tanto que as vendas dessa atividade registraram queda de apenas 0,3% no volume ante novembro, diante de uma alta de 0,8% na receita nominal. Em meses anteriores, a diferença entre os desempenhos de receita nominal e volume de vendas foi maior, por causa da inflação.

    O pesquisador do IBGE destacou que a queda moderada da venda dos supermercados impediu um desempenho agregado ainda pior no varejo, diante do peso dessa atividade no total.

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