• Que vexame!

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 21/03/2018 12:50

    A imprensa noticiando, com relevo!… Nas rodas entre amigos o comentário a prevalecer exatamente acerca da festividade a ser promovida por d. Delfina, esposa de um destacado executivo que desenvolve atividades empresariais em Belo Horizonte, ou mais precisamente, em uma cidade satélite da região metropolitana de BH.

    D. Delfina, “a todo vapor”, abraçando sua iniciativa no sentido de realizar um jantar beneficente em prol de famílias desabrigadas em razão dos temporais que se abateram sobre a capital mineira e adjacências.

    O marido, extremamente solícito com relação às iniciativas da esposa, atento a tudo ou seja, local, data, horário e demais providências para que nada viesse a faltar e, consequentemente, que o intento da esposa obtivesse absoluto sucesso, ante o fim colimado.

    D. Delfina, ainda que o marido haja com ela assumido o compromisso de colaborar, inclusive com gastos não previstos, assim mesmo não descansava um só minuto, preocupada no sentido de que tudo viesse a ocorrer na forma como previamente por ela idealizado.

    É certo que as exigências por parte da esposa fizeram com que até, em certos momentos, rusgas se dessem entre o casal porquanto d. Delfina não admitia  sequer que uma falha persistisse, até porque que a imprensa da cidade já publicara, por várias vezes, notícias a respeito do evento, sobretudo relatando com distinção o nome da respeitada e bondosa senhora a qual, comprometida com a prática de fazer o bem, sem ver a quem, esperava que o resultado financeiro de seu gesto pudesse alcançar o fim esperado – ajuda aos mais necessitados, carentes e sem teto, ante as tempestades que destruíram casas e muitos prejuízos causaram a vítimas decorrentes, é certo, reação por parte da natureza que, diga-se de passagem, “não anda muito satisfeita com o homem”, justamente pelo desrespeito que vimos assistindo em razão de tantos a desmatar florestas, atirando detritos nos rios, sem falar noutras situações tão degradantes quanto àquelas já referidas.

    Dia marcado, evento realizado e a fina-flor da sociedade presente.

    Até vários políticos compareceram para prestigiar o evento, naturalmente com a finalidade de agilizarem pendências junto a diversas autoridades objetivando  equacionar os problemas decorrentes das chuvas e suas terríveis consequências. 

    Finalmente, as despedidas de praxe e até discursos foram ouvidos, diga-se de passagem inoportunos, com promessas de que o poder público agiria com absoluta rapidez com vistas à solução dos graves problemas.

    D. Delfina, exultante com relação à arrecadação financeira! 

    O marido, todavia, cabisbaixo e a fazer perguntas a si próprio e à esposa; entretanto, suas respostas eram sempre evasivas e sem qualquer conteúdo, em especial no que concerne ao valor arrecadado.

    “Baixada a poeira”, não é que se deu exatamente o que escreveu o poeta?

    “Muito chá de caridade… / promovia, Dona Emília / mas, sua renda, em verdade, / ficava sempre, em família”.

    Últimas