• Que dupla!

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  • 22/06/2017 12:43

    Wilma e Daniel, em razão de contatos que mantiveram, decorrentemente de incentivos recebidos de amigos comuns, acabaram por se unirem objetivando a criação de uma sociedade, por eles e muitos de seus apreciadores, julgada como promissora.

    E assim foi constituída e sempre apoiada, desde o início, por um grande número de “fregueses”, muito embora a seu lado, outra do mesmo ramo a funcionar “a todo vapor”, fazendo-lhe acirrada concorrência.

    Os sócios da primeira, é bem verdade, nada tinham em comum, ao contrário, já que, vez por outra, até “arranca rabos” se davam entre ambos.

    Wilma, não muito simpática e agradável para com os “clientes”, diferentemente de seu sócio que se apresentava a todos de maneira cordial de modo a agradar à “seleta clientela”, a qual, entretanto, não muito fiel à Wilma e dela a se distanciar por força de seu temperamento carrancudo e o diálogo sendo levado a cabo entre os dentes, eis que seu sócio sempre sorridente, otimista, talvez até um tanto fingido.

    A firma prosseguia seu rumo com absoluto sucesso, ainda que os sócios se estranhassem quase que constantemente, de modo especial a partir do momento em que a sócia foi “convidada” a se retirar, em razão de desentendimentos, não só com seu sócio, mas, também, e principalmente, com “os clientes”.

    A “clientela” que se valia da prestação de serviços a cumprimentar ostensivamente a Daniel e Wilma, nesta altura, já fora do contexto, a destilar indignação com relação ao ex-sócio. 

    Há que se concordar, contudo, que são situações que frequentemente ocorrem por força da dissolução de sociedades.

    Daniel, em consequência, acabou por permanecer só; todavia, com o aumento das vendas, instado por muitos, decidiu abrir o capital da empresa partindo para admissão de novos parceiros.

    Entretanto, a vida não só proporciona sucessos; surgem embates e Daniel teve dificuldade de enfrentá-los.

    E como o ser humano na maioria das situações faz agir, deu-se início a um processo de desgaste com relação a Daniel, quase que abandonado, uma vez que a empresa começava a “adernar” e os sócios recém-admitidos, já desligados da sociedade.

    Percebendo-se sozinho, alguns “amigos” aconselharam-no a vender a firma, que nesta altura já pouco valia; os “clientes” a se afastarem e a solidão a circundar o empresário quase falido. 

    Daniel, contudo, inteligente e perspicaz e nunca tendo desistido da idéia de vendê-la, ou, quiçá, de vê-la “quebrada”, adotou a iniciativa, embora arriscada, de se dirigir a uma casa lotérica, após reunir importância significativa e apostando em números que sempre lhe deram sorte.

    Resultado: o bilhete premiado fez com que recebesse uma “bolada de respeito”.

    Com a importância em mãos aplicou-a na empresa, naquela altura, já depauperada, na esperança, contudo, de vê-la salva.

    Entretanto, não poderia imaginar que “os amigos, vendedores e os próprios clientes”, que tantos afagos lhes fazia, sempre retribuídos, acabariam por dar sinais de abandono. 

    Após luta atroz, ainda conseguiu manter a firma por algum tempo, porém, o seu fim faz-me recordar o sempre lembrado colunista social Ibrahim Sued, quando escrevia: “…depois eu conto”.

    Diante de tudo que ocorreu, lembrei-me, outrossim, do poeta quando marcou ponto com a trova:

    “Tem “papa” não me dobra, / não vou, pois, em tua missa; / o cão mordido de cobra, / tem medo até de linguiça”.

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