Quatro famílias se unem para manter laços entre irmãos adotados
As lágrimas que rolam dos rostos das mais novas mães são hoje de gratidão por terem consigo os filhos gerados no coração. João Pedro, Maria Clara, Paulo Igor e João Paulo de 13, 12, 9 e 6 anos respectivamente, são a maior realização de sonho para suas famílias. Adotados recentemente, os irmãos ainda que separados permanecem unidos por um único motivo: para que cada um deles tivesse hoje seu lar, os pais, que hoje são melhores amigos, tiveram de lutar por meses para conquistar a guarda das crianças.
Foram dores, aflição, incertezas e dificuldades encontradas até mesmo judicialmente. Houve advogado que não quisesse pegar o caso, existiu limitação para entrar na casa onde as crianças viviam, teve dúvida e medo de que os irmãos fossem para a adoção internacional e também saudade de quem enxergou, nos filhos, o amor à primeira vista.
“No princípio foi desesperador e agora que está dando tempo de começar a curtir… Foi repentino e está sendo encantador viver isso. Ser chamada de mãe por ele me emocionou demais”, diz Cristiana Tavares da Cruz, servidora pública federal e mãe do João Paulo. A conexão de almas foi imediata entre a administradora Naira Souza e o pequeno Paulo Igor. “Senti no primeiro dia que ele era meu filho. Parece que eu já tinha ele a vida toda”, conta.
O desafio foi novo para a técnica de enfermagem Rosana Guilherme, que já era mãe de Johnny e Jordan, com 24 e 12 anos, e para Alessandro Henrique da Silva, que é operador de caldeira. A casa ganhou novo brilho com a chegada de Maria Clara. “Estamos cada vez mais próximos. Ela chegou na nossa casa muito arredia, tinha bastante dificuldade no relacionamento, mas vem evoluindo muito com esse contato diário.
O irmão mais velho foi o primeiro a ser adotado. A jornalista Carla Coelho e o publicitário Maurício Araújo conheceram o João Pedro em julho de 2017 e, depois de muitos esforços, conquistaram a guarda do adolescente. Em uma das visitas ao lar de crianças, Naira, que é amiga da jornalista, conheceu seu filho e a partir daí a história foi crescendo.
Burocraticamente, as condições eram quase impossíveis para que o pequeno Paulo Igor chegasse a casa da administradora. “Nós entendemos que tínhamos que ir à luta. Quando o mais velho foi destituído, ou seja, apto para a adoção, os outros tinham inclusive condições de ir para adoção internacional. A gente precisava encontrar mães e foi em um grupo de apoio que conquistamos as outras duas”, conta Carla.
Os irmãos, que poderiam ficar separados por força do destino, caminhos diferentes e outras possibilidades, hoje vivem cada vez mais juntos. As famílias se reúnem e vivem uma grande harmonia na relação entre todos. Os risos que dominam os rostos de todos, atualmente, não chegam a se comparar com as muitas lágrimas que foram passadas. As casas em que vivem os quatro agora têm ainda mais cor, mais vida e a conexão consanguíneos e os pais que os adotaram, teve o poder de amarrar doze histórias em uma só.