• Quase 65% das investigações policiais são concluídas, diz pesquisa de delegados

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  • 13/09/2023 09:24
    Por Fausto Macedo e Rayssa Motta / Estadão

    Pesquisa realizada pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol do Brasil) mostra que aproximadamente 65% dos inquéritos instaurados em 2022 no País foram solucionados.

    Segundo o delegado Rodolfo Queiroz Laterza, presidente da entidade que representa profissionais do país inteiro, o levantamento foi realizado a pedido da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. O estudo abarca informações desde 2021.

    “Baseado em fontes oficiais, com dados fornecidos diretamente por cada instituição policial demandada, esse é um estudo inédito e embasado sobre os índices de resolutividade e elucidação de inquéritos policiais das Polícias Civis e da Polícia Federal”, diz Laterza.

    O delegado é mestre em Segurança Pública e pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal, Criminologia, Ciência Política, Medicina Legal e Ciências Forenses, Direito Público, e Políticas e Gestão em Segurança Pública.

    Os quesitos apresentados foram vinculados à existência de algum índice de resolução de inquéritos policiais em base anual na Polícia Civil.

    No âmbito da Polícia Federal, de acordo com Laterza, o índice de resolução de inquéritos em 2021 foi de 81,29%, e dos relatados até 31 de agosto de 2022, 82,31% tiveram solução.

    Sobre indicadores de crimes de homicídio o índice de solução foi de 78,38% em 2021 e 80,46% em 2022. Laterza destaca que esse cenário é comparável ao dos EUA (66%).

    A pesquisa foi feita nos 26 Estados e no Distrito Federal. “A média aritmética nacional de resolução de inquéritos corresponde a 64,16% de elucidação em 2022?, assinala o delegado.

    Na visão da Associação, a metodologia aplicada e os quesitos apresentados produzem ‘um rico substrato documental e estatísticos das instituições, abrangendo, inclusive, o déficit de efetivo, o subfinanciamento crônico e o sucateamento progressivo das Polícias’.

    “Esses números são significativos e podem ser atribuídos ao trabalho abnegado e dedicado de todos os servidores das Polícias Civil e Federal”, afirma Laterza.

    Os questionamentos a cada instituição policial estavam relacionados à existência de um índice de resolução de inquéritos policiais em uma base anual para a Polícia Civil. No caso da existência de tal índice, o estudo procurou entender qual foi o indicador considerando a proporção entre inquéritos instaurados e relatados.

    Outro ponto abordado foi o levantamento dos indicadores de resolutividade para inquéritos que tratam de crimes de homicídio, patrimônio e violência doméstica – sempre utilizando o mesmo parâmetro para aferição.

    “Este é um estudo pioneiro e, embora não seja perfeito, oferece uma análise relevante que grifa a necessidade crucial de investir nas polícias civis”, defende Rodolfo Queiroz Laterza.

    Em sua avaliação, “a investigação desempenha um papel fundamental na política de segurança pública e não deve ser encarada como secundária, como muitos governos parecem considerar”.

    Segundo Laterza, a eficácia do trabalho investigativo da polícia não deveria ser mensurada apenas com base na denúncia do Ministério Público, “uma vez que isso pode não ser o resultado mais adequado”. “Nem todas as investigações resultam em uma denúncia, por exemplo, nos casos em que o autor do homicídio já faleceu ou quando a morte se mostra ser um suicídio”, ressalta.

    Estados e inquéritos concluídos

    Acre – 57%

    Paraíba – 38%

    Alagoas – 86%

    Paraná – 71,9%

    Amapá – 74,5%

    Pernambuco – 63,51%

    Amazonas – 60%

    Piauí – Não informou

    Bahia – 39,02%

    Rio de Janeiro – 56,65%

    Ceará – 68%

    Rio Grande do Norte – Não informou

    Distrito Federal – 58%

    Rio Grande do Sul – 80%

    Espírito Santo – 54,66%

    Rondônia – 80,93%

    Goiás – 61,89%

    Roraima – 31,07%

    Maranhão – 96,65%

    Santa Catarina – 31%

    Mato Grosso – 93,51%

    São Paulo – 26,2%

    Mato Grosso do Sul – 94,9%

    Sergipe – 83,41%

    Minas Gerais – 72,26%

    Tocantins – 35,4%

    Pará – 89,59%

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