• Quanto vamos perder com a quarentena?

  • 05/05/2020 10:35

    E agora? Na quarentena quanto estamos perdendo em performance? Quanto tempo levo para recuperar a forma perdida? É triste mas é verdade. Leva-se meses e até anos para se adquirir determinada performance e para perder bastam de 2 a 4 semanas.

    Destreinamento é o termo conhecido em Fisiologia relacionado à perda de condicionamento físico. Nos corredores fundistas a queda do VO² Máx. está associada à redução do débito cardíaco. As câmaras cardíacas, reduzem rapidamente o poder de contração e o volume sistólico, fato facilmente percebido pela Freqüência Cardíaca de Repouso aumentada logo na primeira semana de suspensão das atividades.

    Segundo Coyle 1994, os sistemas corporais regridem na mesma proporção da diminuição do estímulo. Ou seja, se a parada é repentina como nas lesões, a regressão é rápida. Na quarentena, fazendo alguma coisa a perda é menor, mas ainda assim perde. Convertino 1997, citado por Fabiana Evangelista e Patrícia Brum na Revista paulista de Educação Física mostrou que o débito cardíaco máximo sofreu uma redução de 26% após 21 dias de destreinamento.

    Em outro estudo realizado pela mesma pesquisadora, a redução do débito cardíaco e volume sistólico foram de 23% em apenas 10 dias demonstrando que a queda é vertiginosa nos primeiros dias. Depois, a curva de perda é mais lenta. Menos mal. Afastamentos de 21 a 84 dias, alguns estudos mostram que a perda não é total. O retorno às atividades não parte do zero.

    Os efeitos de redução atigem também à massa muscular incluindo o miocárdio. Ehsani, Hagberg & Hickson 1978, estudando corredores de elite numa parada de três semanas, através de ecocardiografia comprovaram uma diminuição da capacidade diastólica do ventrículo esquerdo de 51 para 46,3 mm assim como a espessura da parede do miocárdio de 10,7 para 8 mm.

    Fatores que sabidamente interferem no volume de sangue bombeado a cada batimento cardíaco. Da mesma forma a capacidade dos músculos esqueléticos levar e consumir oxigênio, (diferença artério-venosa) também diminui significativamente. A rede capilar perde facilmente a sua elasticidade dificultando o fluxo do sangue. Quanto maior a performance, mais rápida e maior é a perda. O conhecimento real dessa perda fornece dados para melhor prescrição de programas no retorno ao pico de performance.

    O grande problema de quem volta a treinar, depois de um período parado, é achar que não perdeu nada, tentando voltar com a mesma carga e ou intensidade de antes. Portanto, quando acabar a quarentena cuidado com o retorno. Essa volta tem que ser de forma lenta, gradual e progressiva. A quarentena é ruim, mas uma lesão depois dela vai ser muito pior.

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