• Quando o WhatsApp ajuda a salvar vidas

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  • 31/12/2021 17:06
    Por Fernanda Guimarães / Estadão

    Para quem está cansado das constantes notificações de grupos de WhatsApp, existem algumas provas de que eles podem ser muito úteis e ir além de figurinhas engraçadas – dependendo, claro, dos contatos de cada um. Foi uma mensagem no aplicativo que deu início a uma das maiores mobilizações para acelerar o tratamento dos primeiros casos graves de covid-19 no Brasil.

    A Magnamed – do empresário Wataru Ueda – precisava de ajuda para ampliar a fabricação de respiradores para atender à demanda e dar mais chance de sobrevivência aos pacientes graves que se avolumavam em hospitais despreparados para a pandemia. E foi graças a um “zap” que ela conseguiu fazer isso com velocidade, após um recado de socorro enviado por Ueda ao grupo dos formandos de 1982 do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP).

    Esse networking garantiu que o telefone do empresário tocasse com uma oferta de auxílio. Do outro lado da linha estava seu colega de curso, Walter Schalka, que comanda a produtora de celulose Suzano desde 2013. A ajuda foi o primeiro passo para que a Magnamed conseguisse aumentar rapidamente sua produção.

    E não parou por aí. Depois, outro colega, dessa vez da fabricante aeronáutica Embraer, ofereceu apoio. E a rede foi crescendo, permitindo que a companhia, fundada em 2005, pudesse atender à elevadíssima demanda por respiradores, no pior momento da pandemia, numa parceria inédita entre empresas do setor privado.

    O apoio apareceu de várias formas. A Suzano, grande exportadora brasileira, ajudou a trazer as matérias-primas necessárias para a produção dos respiradores, em um momento em que a logística e comércio globais enfrentavam dificuldades. Isso deu fôlego à companhia, cujas vendas em 2020 se concentraram nas diversas esferas governamentais.

    EXPANSÃO

    Com esse aumento repentino da demanda, o negócio se multiplicou. Depois de ter atingido um faturamento recorde no ano passado, de R$ 340 milhões (7,5 vezes a receita de 2019), a produção agora começa a caminhar num ritmo mais normalizado, com o alívio na crise sanitária propiciado pelo alto porcentual de brasileiros vacinados. Para este ano a projeção é fechar em R$ 150 milhões de faturamento, passando a crescer 25% anualmente a partir de 2022, chegando a R$ 350 milhões em 2026.

    Com o ritmo de vendas retornando à normalidade, a Magnamed já estabeleceu seu planejamento estratégico pós-pandemia: reforçar sua atuação no mercado externo. “Hoje o Brasil representa apenas 1% do mercado externo de respiradores, há espaço para crescermos”, diz Ueda.

    A Magnamed foi fundada por Ueda ao lado de outros dois engenheiros, Tatsuo Suzuki e Toru Kinjo. O primeiro aporte recebido pela companhia foi em 2008, quando ela ainda estava em seu estágio inicial, foi pelo fundo Criatec, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES). Nessa época, a companhia ainda estava incubada no Cietec, polo de startups da Escola Politécnica da USP. Em 2015, recebeu sua segunda injeção de capital, desta vez do fundo de impacto social Vox Capital. Somados, Criatec e Vox têm 54% da companhia.

    Além de proporcionar o capital necessário para que o negócio emplacar, a presença desses fundos na empresa, segundo Ueda, ajudou na governança – como a implantação de um conselho de administração, algo que foi importante na hora de tomada de decisões no calor da pandemia.

    NOVA LINHA

    Um dos produtos que Ueda acredita que será um trunfo na internacionalização é uma nova linha de ventiladores pulmonares com fonte própria de ar comprimido. Na prática, esse tipo de respirador exige menos investimentos, evitando a necessidade de ter uma rede de ar comprimido hospitalar – algo que pode ser uma saída para diversas regiões de renda mais baixa, evitando colapsos como a que ocorreu em Manaus, no início de 2021.

    Com produtos como esse, a Magnamed quer arrecadar até 80% de suas receita com exportações – contra os 20% de vendas externas que a empresa contabiliza hoje. Para dar conta desse salto, a empresa está colocando os pés lá fora: no momento, está construindo uma fábrica nos Estados Unidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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