• Quais os próximos passos na crise política do Corinthians após tentativa de retomada de poder

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  • 02/jun 09:55
    Por Estadão

    O torcedor do Corinthians amanheceu com dor de cabeça nesta segunda-feira. Além do amargo empate sem gols com o Vitória na Neo Química Arena, em atuação abaixo da crítica da equipe alvinegra pelo Brasileirão, existe a possibilidade de a semana continuar com bastidores quentes na disputa política do clube. O presidente afastado Augusto Melo afirma estar de volta ao poder, enquanto a gestão interina vê tentativa de golpe.

    Augusto Melo prometeu ir a Itaquera no domingo, mas desistiu e Osmar Stábile foi o responsável por receber Carlo Ancelotti e a comitiva da seleção brasileira que foi à Neo Química Arena acompanhar o jogo do Brasileirão. Existia o temor de que a presença do dirigente pudesse gerar tumulto.

    Agora, Melo mede a “temperatura” interna para decidir como agir nos bastidores para tentar retomar a presidência. Em nota à imprensa, ele afirmou que sua defesa vai tomar medidas judiciais para validar a decisão tomada por Maria Angela de Sousa Ocampos, chefe interina do Conselho Deliberativo que cancelou a reunião que confirmou o seu afastamento.

    Augusto também enviou uma carta aos conselheiros pedindo a sua recondução imediata ao cargo de presidente e a anulação da assembleia de sócios. “Afirmo que, se necessário for, lutarei com todas as minhas forças, até as últimas instâncias deliberativas do nosso clube ou da Justiça brasileira, para manter o mandato para o qual fui democraticamente eleito e do qual algumas pessoas, por interesses feridos ou inconfessáveis, com evidente truculência, pretendem me afastar de modo ilegal”, diz o texto.

    Por sua vez, a atual direção não descarta punições à chefe interina do Conselho Deliberativo e seus aliados por entender que eles passaram por cima do estatuto. “Pedirei punição severa aos responsáveis pelo ato vil que manchou a história do Corinthians”, disse Osmar Stábile, em nota oficial.

    Primeira secretária do Conselho Deliberativo, Maria Angela de Sousa Ocampos se tornou presidente interina após o afastamento de Romeu Tuma Júnior, por meio de dois processos disciplinares movidos pelo conselheiro Roberto William Miguel, mais conhecido como Libanês. Tuma diz que não foi notificado e entende que não pode ser afastado porque o tema, votado apenas no Comitê de Ética, não foi apreciado pelo plenário do Conselho Deliberativo.

    Roberson de Medeiros é o vice de Tuma Jr. e seria o sucessor, mas pediu afastamento por licença médica, por isso a função foi reivindicada por Maria Angela, que é aliada de Augusto e divulgou um documento em que anula todas as ações tomadas por Tuma Jr., inclusive a condução do processo de impeachment de Melo.

    A destituição de Augusto Melo do Corinthians foi aprovada pelo Conselho Deliberativo na segunda-feira passada, dia 26 de maio. Está marcada para o dia 9 de agosto, a Assembleia dos sócios para referendar ou não a decisão.

    O QUE DIZ O ESTATUTO DO CORINTHIANS?

    O artigo 89 do estatuto do Corinthians diz que “o parecer final da Comissão Disciplinar será submetido à deliberação do CD (Conselho Deliberativo) conforme disposto no art. 43”. Por sua vez, o artigo 43 não cita a possibilidade de suspensão liminar, como foi determinado pelo Conselho de Ética no pedido de afastamento de Romeu Tuma Jr. do Conselho Deliberativo.

    Maria Angela, contudo, se baseia no artigo 30. “As penalidades serão aplicadas por deliberação da Comissão de Ética e Disciplina, ao associado que infringir os termos deste Estatuto, Regulamentos, Regimentos Internos, Resoluções da Diretoria ou do CD”, diz o trecho do estatuto.

    “Nas hipóteses em que cabível pena de desligamento, o associado poderá ser liminarmente suspenso pela Comissão de Ética e Disciplina até que se conclua o respectivo procedimento de apuração e julgamento da infração a ele atribuída”, conclui. Vale ressaltar que o trecho não especifica se a punição é aplicada também ao associado com poder social no Corinthians.

    PROCESSO DE IMPEACHMENT

    Augusto foi afastado após o Conselho Deliberativo aprovar o avanço do processo de impeachment contra ele por irregularidades no contrato com a Vai de Bet, ex-patrocinadora do clube. A casa de aposta rescindiu de maneira unilateral após vir à tona repasses de parte da comissão pela intermediadora citada no acordo, cujo dono trabalhou na campanha de Augusto, a uma empresa “laranja”.

    A Polícia Civil concluiu que parte do dinheiro pago pelo Corinthians à intermediária foi parar nas mãos do crime organizado. Augusto e outros dois ex-diretores foram indiciados por associação criminosa, furto qualificado pelo abuso de confiança e lavagem de dinheiro. Ele alega inocência e afirma que apenas levou a proposta ao clube, mas não teve relação com os fatos que ocorreram a seguir.

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