• Psicóloga petropolitana alerta para problemas causados pelo uso excessivo de telas

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  • Por Aghata Paredes

    Em 2023, o acesso à internet nos lares brasileiros cresceu significativamente, quebrando a estabilidade de dois anos, de acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2023 do Comitê Gestor da Internet no Brasil. O estudo revelou que 84% das residências no país, o equivalente a 64 milhões, estão agora conectadas à rede, um aumento de quatro pontos percentuais em relação a 2022 (80%). Esse avanço foi particularmente observado nas classes C e DE, com taxas de conectividade aumentando de 87% para 91% e de 60% para 67%, respectivamente. Contudo, esse crescimento traz desafios que transcendem a mera conectividade, exercendo impactos na saúde, além de comprometer as dinâmicas familiares.

    Foto: Unsplash

    A psicóloga e pedagoga Vanessa Siqueira destaca a importância de enfrentar os desafios associados a esse cenário. Segundo ela, para os adultos, a incessante pressão de estar sempre conectado pode resultar em estresse e sobrecarga constantes, prejudicando a linha entre vida pessoal e profissional. “A pressão de estar sempre disponível, respondendo a e-mails e mensagens, mesmo fora do horário de trabalho, pode causar uma sensação constante de estresse e sobrecarga. A linha entre vida profissional e pessoal pode se tornar tênue, resultando em dificuldades para desconectar e relaxar. Isso pode contribuir para problemas de saúde mental, como ansiedade e esgotamento profissional, por exemplo.”

    No contexto das crianças e jovens, a substituição de atividades ao ar livre, interações sociais e momentos de relaxamento por tempo excessivo em frente às telas pode comprometer o desenvolvimento saudável e prejudicar as interações sociais. Nesse contexto, Vanessa destaca a necessidade de os pais monitorarem e orientarem o uso de dispositivos por seus filhos através do exemplo, incentivando, sobretudo, atividades offline. “Se os adultos ficam muito tempo em seus aparelhos eletrônicos, as crianças podem fazer o mesmo, e isso pode afetar o seu jeito de se relacionar com os outros e como elas lidam com as emoções. É importante definir limites e mostrar como equilibrar o uso responsável da tecnologia com atividades em família. Por exemplo, você pode estabelecer horários específicos para uso de telas, não usar dispositivos eletrônicos durante as refeições de família ou criar “zonas livres de tecnologia” na sua casa.”, sugere.

    Sinais de alerta

    O uso excessivo de tecnologia pode manifestar diversos sinais, demandando a atenção cuidadosa de pais e responsáveis, no caso de crianças e jovens, assim como de amigos ou familiares, no caso de adultos. “O isolamento social é um desses indicadores, caracterizado pelo hábito de passar longos períodos trancado no quarto, imerso em dispositivos, evitando contato mais próximo com colegas e amigos. Além disso, a irritação constante, expressa pela facilidade em ficar zangado ou aborrecido, também configura um alerta importante.”, ressalta Vanessa.

    Questionada sobre quais estratégias recomenda para um maior equilíbrio entre o mundo digital e offline, Vanessa destaca que o começo do ano é um excelente período para colocar em prática algumas ações, como explorar momentos ao ar livre, estar realmente presente, e deixar o tédio acontecer. “Em um mundo cada vez mais conectado, pausas como essas são cruciais para novas descobertas.”, conclui.


    Vanessa Siqueira é psicóloga e pedagoga, com especialização no atendimento a famílias, crianças e adolescentes, além de autora do livro infanto-juvenil “Campeonato das Emoções”, da Literare Books.

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