• Psicóloga alerta sobre impacto de fogos de artifício barulhentos em autistas; Petrópolis tem lei que proíbe uso do material

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  • 31/12/2023 16:56
    Por Enzo Gabriel

    As festas de fim de ano são momentos de muito alegria, porém para algumas pessoas, como os autistas, os dias podem se tornar verdadeiras torturas, trazendo preocupação a pais e familiares, por conta de soltura de fogos de artifício e da música alta. Petrópolis possui uma lei que proíbe o uso do material, mas isso não foi suficiente para impedir a população de seguir com o hábito.

    A psicóloga Beatriz Bispo, fala sobre os efeitos dos fogos de artifício em portadores do espectro autista. “Boa parte das pessoas com autismo apresenta hipersensibilidade (seus sentidos captam mais informações que o normal) e essa época do ano geralmente acarreta muita angústia e medo ao imaginar ou vivenciar a situação negativa. O barulho pode desencadear uma crise sensorial a partir da sobrecarga de estímulo causada pela intensidade do som”, disse ela.

    A respeito da criação de leis e do cumprimento delas, Beatriz aponta que é necessário um trabalho de conscientização e denúncia. “Em Petrópolis, existe um decreto de março de 2020 que proíbe a soltura de fogos de artifício com ruído. Porém a cidade ainda lida com a soltura ilegal mesmo com a difusão de informação sobre os danos causados ao meio ambiente e pessoas que representam uma parcela significativa da população. As leis existem e a população pode e deve denunciar para coibir essa prática que, em nosso município, é passível de multa”, explicou a psicóloga.

    Precisando lidar com a situação, a família tem que saber métodos para tornar o período mais agradável para os portadores do transtorno.

    “Em um primeiro momento, recomendo acolher e compreender o que a pessoa com autismo está sentindo e, a partir daí, pensar em mecanismos que possam ajudá-la. Existem diversas estratégias para atingir a regulação sensorial, como diminuir ruídos e luminosidade com a mudança de ambiente e uso de abafadores; estimular a conscientização corporal proporcionando a sensação de domínio da situação colocando almofadas, travesseiros e objetos de apego ao redor da criança. Além de fazer adaptações ambientais que proporcionem um espaço com mais oportunidades de regulação, fazendo um equilíbrio entre diversos estímulos. Porém, é essencial manter o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar especializada que possa contribuir de maneira mais efetiva na organização das informações sensoriais e orientar os responsáveis de forma específica a cada caso”, conta Beatriz.

    Lei que proíbe fogos com ruídos

    A Lei Municipal Nº 7.956, de 09 de Março de 2020 determina que, em Petrópolis, “ficam proibidos o comércio e a soltura de fogos de estampido e de artifício, assim como de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso em todo o território”.

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