Psicóloga alerta sobre impacto de fogos de artifício barulhentos em autistas; Petrópolis tem lei que proíbe uso do material
As festas de fim de ano são momentos de muito alegria, porém para algumas pessoas, como os autistas, os dias podem se tornar verdadeiras torturas, trazendo preocupação a pais e familiares, por conta de soltura de fogos de artifício e da música alta. Petrópolis possui uma lei que proíbe o uso do material, mas isso não foi suficiente para impedir a população de seguir com o hábito.
A psicóloga Beatriz Bispo, fala sobre os efeitos dos fogos de artifício em portadores do espectro autista. “Boa parte das pessoas com autismo apresenta hipersensibilidade (seus sentidos captam mais informações que o normal) e essa época do ano geralmente acarreta muita angústia e medo ao imaginar ou vivenciar a situação negativa. O barulho pode desencadear uma crise sensorial a partir da sobrecarga de estímulo causada pela intensidade do som”, disse ela.
A respeito da criação de leis e do cumprimento delas, Beatriz aponta que é necessário um trabalho de conscientização e denúncia. “Em Petrópolis, existe um decreto de março de 2020 que proíbe a soltura de fogos de artifício com ruído. Porém a cidade ainda lida com a soltura ilegal mesmo com a difusão de informação sobre os danos causados ao meio ambiente e pessoas que representam uma parcela significativa da população. As leis existem e a população pode e deve denunciar para coibir essa prática que, em nosso município, é passível de multa”, explicou a psicóloga.
Precisando lidar com a situação, a família tem que saber métodos para tornar o período mais agradável para os portadores do transtorno.
“Em um primeiro momento, recomendo acolher e compreender o que a pessoa com autismo está sentindo e, a partir daí, pensar em mecanismos que possam ajudá-la. Existem diversas estratégias para atingir a regulação sensorial, como diminuir ruídos e luminosidade com a mudança de ambiente e uso de abafadores; estimular a conscientização corporal proporcionando a sensação de domínio da situação colocando almofadas, travesseiros e objetos de apego ao redor da criança. Além de fazer adaptações ambientais que proporcionem um espaço com mais oportunidades de regulação, fazendo um equilíbrio entre diversos estímulos. Porém, é essencial manter o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar especializada que possa contribuir de maneira mais efetiva na organização das informações sensoriais e orientar os responsáveis de forma específica a cada caso”, conta Beatriz.
Lei que proíbe fogos com ruídos
A Lei Municipal Nº 7.956, de 09 de Março de 2020 determina que, em Petrópolis, “ficam proibidos o comércio e a soltura de fogos de estampido e de artifício, assim como de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso em todo o território”.