Protestos contra extrema direita reúnem milhares de pessoas na Alemanha
Dezenas de milhares de pessoas protestaram contra a extrema direita em cidades da Alemanha no sábado (20), participando de eventos com slogans como “Nunca mais é agora”, “Contra o ódio” e “Defenda a democracia”. As grandes multidões foram as mais recentes de uma série de manifestações que vêm ganhando força nos últimos dias.
As manifestações ocorreram na sequência da divulgação de que extremistas de direita se reuniram recentemente para discutir a deportação de milhões de imigrantes, incluindo alguns com cidadania alemã. Alguns membros do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) estiveram presentes na reunião.
A polícia disse que um protesto na tarde de sábado em Frankfurt atraiu 35 mil pessoas. Manifestações em Stuttgart, Nuremberg e Hannover, entre outras cidades, também atraíram grandes multidões.
Uma manifestação semelhante na sexta-feira em Hamburgo, a segunda maior cidade da Alemanha, atraiu o que a polícia disse ser uma multidão de 50 mil pessoas e teve de ser encerrada mais cedo porque a massa de pessoas levou a preocupações de segurança.
Embora a Alemanha tenha tido outros protestos contra a extrema direita nos últimos anos, o tamanho e o alcance dos protestos realizados neste fim de semana – não apenas nas grandes cidades, mas também em dezenas de cidades menores em todo o país – são notáveis.
As multidões foram um sinal de que os protestos parecem estar estimulando a oposição popular ao AfD de uma nova forma. O que começou como reuniões relativamente pequenas aumentou para protestos que, em muitos casos, estão atraindo muito mais participantes do que os organizadores esperavam.
O catalisador dos protestos foi uma reportagem do meio de comunicação Correctiv, na semana passada, com o relato de uma reunião da extrema direita em novembro, que o veículo afirmou ter tido participação de figuras do extremista Movimento Identitário e do AfD. Um membro proeminente do Movimento Identitário, o cidadão austríaco Martin Sellner, apresentou a sua visão de “remigração” para as deportações, afirma a reportagem.
O AfD procurou se distanciar da reunião extremista, dizendo que não tinha ligações organizacionais ou financeiras com o evento, que não era responsável pelo que foi discutido lá e que os membros que participaram fizeram isso a título puramente pessoal. Ainda assim, uma das co-líderes do AfD, Alice Weidel, rompeu com um conselheiro que estava lá, ao mesmo tempo em que condenou a própria reportagem do Correctiv.
Os protestos também se baseiam na crescente ansiedade ao longo do último ano sobre o apoio que o AfD vem ganhando entre o eleitorado alemão.
O AfD foi fundado como um partido eurocético (descrença na União Europeia) em 2013 e entrou pela primeira vez no Bundestag, o Parlamento alemão, em 2017. Pesquisas agora o colocam em segundo lugar a nível nacional, com cerca de 23%, muito acima dos 10,3% que obteve durante as últimas eleições federais em 2021.
No verão passado, os candidatos do AfD venceram as primeiras eleições para prefeito e eleições para conselho distrital do partido. Foi o primeiro partido de extrema direita a fazer isso desde a era nazista. E, nas eleições estaduais na Baviera e em Hesse, o partido obteve ganhos significativos.
O partido lidera em vários estados do leste da Alemanha, região onde o seu apoio é mais forte – incluindo três, Brandenburg, Saxony e Thuringia, que deverão realizar eleições no outono.
Como resultado, a Alemanha está debatendo sobre a melhor forma de responder à popularidade do partido.
A irritação generalizada face à reportagem do Correctiv provocou novos apelos à Alemanha para considerar banir o AfD. No sábado, o capítulo de Brandenburg dos Verdes da Alemanha votou em uma convenção do partido a favor de buscar uma potencial proibição para ajudar a prevenir a ascensão de “um novo governo fascista na Alemanha”.
No entanto, muitos dos opositores do AfD se manifestaram contra a ideia, argumentando que o processo seria demorado, o sucesso é altamente incerto e a medida poderia beneficiar o partido, permitindo que se apresentasse como vítima.
Autoridades eleitas de todo o espectro político, incluindo o Chanceler Olaf Scholz, expressaram o seu apoio aos protestos.
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Internacional
FILE PHOTO: North Korean leader Kim Jong Un meets Russia’s President Vladimir Putin at the Vostochny Cosmodrome in the Amur Oblast of the Far East Region, Russia, September 13, 2023 in this image released by North Korea’s Korean Central News Agency. KCNA via REUTERS ATTENTION EDITORS – THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THIS IMAGE. NO THIRD PARTY SALES. SOUTH KOREA OUT. NO COMMERCIAL OR EDITORIAL SALES IN SOUTH KOREA.//File Photo
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“De Colônia a Dresden, de Tuebingen a Kiel, centenas de milhares de pessoas estão indo às ruas na Alemanha nos próximos dias”, disse Scholz na sua declaração semanal em vídeo, acrescentando que os esforços dos manifestantes são um símbolo importante “para a nossa democracia e contra o extremismo de direita”.
Friedrich Merz, líder dos Democratas Cristãos de centro-direita, disse que os protestos mostram que os alemães são “contra todas as formas de ódio, contra o incitamento e contra o esquecimento da história”.
“A maioria silenciosa está levantando sua voz e mostrando que quer viver em um país que é cosmopolita e livre”, disse ele à agência de notícias alemã dpa.
A atenção e o apoio aos protestos vão além da esfera política. Figuras proeminentes do esporte, do entretenimento e dos negócios também comentaram sobre eles.
O técnico de futebol do Bayern de Munique, Thomas Tuchel, falou contra o extremismo de direita em uma entrevista coletiva no sábado. “Não há dúvidas sobre isso, nos levantamos 1000% contra qualquer tipo de extremismo”, disse ele, segundo a dpa. Ele acrescentou que nunca há vozes demais para transmitir tal mensagem.