• Prótese, tatuagem e posição no voo ajudam identificação de casal vítima do acidente em Vinhedo

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  • 12/ago 07:30
    Por Gonçalo Junior / Estadão

    Os corpos de Daniela Schulz, 30 anos, e de seu marido, o engenheiro agrônomo Hiales Fodra, de 33, vítimas do avião que caiu em Vinhedo (SP) transportando 58 passageiros e quatro tripulantes na sexta-feira, 9, foram identificados no domingo, 11, pelo Instituto Médico Legal (IML). Os dois estão entre as primeiras vítimas identificadas e liberadas para o sepultamento. A família aguarda o traslado para o sul do País.

    A informação sobre a liberação dos corpos foi confirmada pelos familiares do engenheiro. O velório do casal será em Santa Rosa (RS), onde Daniela nasceu, e o enterro em Moreira Salles (PR). “É uma dor indescritível. Foi uma perda precoce”, diz engenheiro têxtil Rugles Fodra, de 39 anos, irmão de Hiales.

    De acordo com Rugles, os dois estão entre os primeiros corpos identificados em função de algumas particularidades físicas. Hiales tinha uma prótese no ombro direito. Além disso, os dois tinham tatuagens, sinais que facilitam a identificação.

    De acordo com o IML, qualquer tratamento odontológico, assim como qualquer tratamento médico para próteses, como pino, placa, fratura, parafuso, ajudam no processo de identificação, informa o IML.

    Isso ocorre porque, para a identificação, é necessário ter algum elemento para comparar os corpos. De acordo com o Instituto Médico Legal, 12 corpos já foram identificados até este domingo.

    A posição que os dois ocupavam dentro do avião também foi importante para identificação, que foi realizada por meio das impressões digitais. “Os peritos informaram que os corpos dos passageiros que estavam nas primeiras fileiras foram preservados. Eles estavam na primeira fila. As chamas atingiram a partir do meio do avião”, conta o engenheiro.

    O casal faria uma escala em Guarulhos, para de lá embarcar para Ohio, nos Estados Unidos, onde Daniela participaria de sua primeira competição na Liga Profissional de Fisiculturismo. Ela também era influenciadora digital, dona de um perfil com mais de 16 mil seguidores no Instagram.

    Momentos antes de embarcar, ela fez uma publicação nas redes sociais do aeroporto afirmando que estava a caminho dos Estados Unidos para uma viagem com o marido. “Muitas horas de espera e de voo, mas se Deus quiser vai dar tudo certo”, falou.

    Daniela e Hiales eram casados desde 2017.

    A Polícia Rodoviária Federal do Acre divulgou uma nota de pesar pela morte de Hiales, que atuou como policial no Estado até março de 2022, quando mudou-se para o Paraná e começou a trabalhar como engenheiro agrônomo. “Aos entes enlutados e amigos, prestamos nossos sentimentos e respeito”.

    IML concentra identificação com cerca de 40 profissionais

    O IML Central, na região central de São Paulo, concentra o trabalho de identificação dos passageiros do voo 2283. Cerca de 40 profissionais entre médicos e equipes de odontologia legal, antropologia e radiologia trabalham na identificação.

    Mais de 40 famílias de vítimas forneceram material biológico e informações para facilitar o trabalho de identificação dos corpos.

    O governo de São Paulo reservou acomodações em um hotel para os familiares das vítimas que chegam à capital para o reconhecimento dos corpos. Trinta e sete já foram recebidas e são atendidas no local, de acordo com o poder estadual.

    Outros 17 familiares foram atendidos em Cascavel (PR) e a documentação deles deve chegar a São Paulo ainda neste domingo.

    O Corpo de Bombeiros concluiu os trabalhos em Vinhedo, no local do acidente com a aeronave da Voepass Linhas Aéreas, ocorrido na tarde de sexta-feira. As equipes finalizaram o resgate das 62 vítimas às 22h45 na noite de sábado, 10. O acidente aéreo da sexta-feira é o pior do País, em número de mortes, desde 2007, quando um acidente com voo da TAM deixou 199 vítimas.

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