Proprietários denunciam rachaduras nos prédios vizinhos às obras da Washington Luiz
Fissuras começaram a aparecer na estrutura após perfurações feitas no trecho, dizem proprietários
Além do caos que o comércio vizinho à obra da Rua Washington Luiz tem enfrentado, um problema mais grave surgiu há pouco mais de um mês: fissuras nas paredes dos imóveis podem estar comprometendo toda sua estrutura. Proprietários de dois prédios denunciam que as rachaduras apareceram após o início da obra de contenção e reconstrução da via, eles afirmam que as perfurações no trecho atingiram a fundação das construções. A obra é executada por uma empresa contratada pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras (Seinfra).
Nos números 369 e 387, onde há uma Igreja e uma loja e escritório, as fissuras são visíveis já na fachada dos prédios. No lado interno, as rachaduras começam na base das paredes e vão até o teto no segundo andar. De acordo com os proprietários, os danos começaram a aparecer no dia seguinte ao início da perfuração com os tirantes, que estão localizados na direção do prédio.
Mário Mascheroni, proprietário de um dos imóveis, conta que assim que notaram as rachaduras, no dia seguinte à perfuração, comunicaram os engenheiros responsáveis pela obra, mas que foi dada pouca importância por parte dos técnicos.
“Durante as duas chuvas nós não sofremos nada. Nem água entrou no primeiro andar e, agora, por causa da obra, estamos sofrendo o prejuízo. As rachaduras apareceram em maio, dois meses depois das chuvas, e coincidentemente depois da primeira perfuração bem na direção do prédio”, diz Mário.
A obra, que vem sendo executada na Rua Washington Luiz pelo Estado, prevê a construção de uma cortina atirantada e a recomposição da rua. Segundo os proprietários, os primeiros tirantes colocados próximos aos prédios atingiram o recalque da fundação. O temor é que, com o andamento da obra, a base dos prédios fique ainda mais fragilizada.
“O que foi falado pelos técnicos no dia que vieram aqui (no prédio) é que não corre o risco de cair. Mas coloquei gesso nas fissuras, para acompanhar se elas continuariam abrindo, e o que parece é que continua aumentando”, disse Mário.
O caso já foi parar na Justiça, os responsáveis pela Igreja, após tentativas de reparação junto ao Governo do Estado, desistiram e entraram com um processo. O trecho também é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O órgão federal foi questionado pela reportagem, mas até a publicação não houve resposta.
Em resposta à Tribuna, a Seinfra disse que foram feitas vistorias e a Justiça deve pedir perícia para saber se os problemas foram agravados por conta das obras emergenciais. De acordo com a Secretaria, assim que sair o resultado, caso haja qualquer comprovação, serão tomadas as medidas cabíveis.