Proprietários de imóveis no Olga Castrioto relatam descaso do poder público; região foi afetada pela tragédia das chuvas
A região do Olga Castrioto, no bairro São Sebastião, foi um dos locais atingidos pela tragédia do dia 20 de março do ano passado, em Petrópolis. No entanto, o local foi esquecido pelo poder público e segue abandonado desde a ocasião.
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As casas de 31 famílias na Rua João Evangelho foram interditadas pela Defesa Civil, inclusive, a de Jorge Marins e Gueldir Braga, moradores do bairro há 34 anos. De acordo com a petropolitana, o imóvel está se deteriorando com o tempo.
“Hoje minha casa está lá com várias infiltrações por não estar em uso. Ainda por cima, invadida por vândalos que quebraram o basculante e jogaram uma parede inteira no chão”, lamenta.
A casa de quatro andares, de onde Gueldir e o marido guardam recordações da família, hoje está abandonada e a mercê do poder público. “Minha casa por ser alta consegue ter vista para vários ângulos. Acredito que os vândalos estão se privilegiando disso. No terreno onde morava, existem quatro moradias, por isso chamam de prédio. Todos fora, sem resposta. E nos vizinhos a mesma coisa”, desabafa.
Gueldir ainda relata que algumas casas tiveram toda a fiação roubada. A situação tem preocupado, já que o local não possui mais a segurança de antes das tragédias. “Temos medo de ir lá sozinhos. Quando vamos, sempre vamos acompanhados para nossa proteção”, diz.
Há ainda outro fator que põe em risco a segurança dos moradores da região: uma pedra que, a qualquer momento, pode se desprender. De acordo com Gueldir, a rocha fica localizada em cima das casas interditadas e representa perigo aos moradores que ainda vão nas residências para mantê-las limpas, além daqueles que ainda moram no local.
Aluguel Social
A proprietária da casa de quatro andares no São Sebastião, atualmente, paga aluguel porque, após um ano sendo beneficiária do Aluguel Social, o Estado cortou o benefício que recebia. “Por um ano me deram o Aluguel Social porque foi visto o meu salário líquido. Quando fui renovar, me cortaram o aluguel porque colocaram pelo bruto recebido. Hoje pago aluguel do meu bolso”, conta.
Ela ainda lembra que permanece sem casa, já que o imóvel que ela e o marido construíram segue interditado pela Defesa Civil. “Se não fosse minha casa bem estruturada hoje, com certeza, teríamos morrido, consequência daquela barreira de 20 de março de 2022”, afirma.
Falta de diálogo
Para Gueldir e o marido, falta diálogo do poder público com os moradores do São Sebastião. De acordo com a moradora, quando se dirigiu à Secretaria de Obras para saber sobre o processo das intervenções no bairro, ela foi informada que o São Sebastião sequer constava na lista de obras.
Segundo os moradores, eles estão abertos para conversas e para decidir, juntos, a melhor opção para o bairro, mas alegam que mesmo após tentativas, nenhuma conversa foi firmada entre os moradores e a prefeitura.
O que diz a Prefeitura
A equipe da Tribuna questionou o município sobre o que está sendo feito na região; se há alguma intervenção prevista e a possibilidade de diálogo com os moradores, mas não tivemos retorno até o fechamento da matéria.