• Projeto piloto certifica estudantes de Petrópolis para atuarem como mediadores de conflito

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  • 17/set 09:01
    Por Redação/Tribuna de Petrópolis I Foto: Felipe Cavalcanti/TJRJ

    Dois anos após o projeto piloto “Mediação de Conflitos Escolares de Pares e Círculos Restaurativos” ser implementado, a Escola Municipal São Judas Tadeu, em Petrópolis, colhe os benefícios da mediação no ambiente estudantil. Nessa terça-feira (16), 11 estudantes foram certificados para atuarem como mediadores escolar de pares pela Escola de Mediação do Rio de Janeiro (Emedi) e pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Outros 64 estudantes do 8º ano também adquiriram o certificado de participação do programa. 

    Coordenado pelas mediadoras Naura Americano e Daniella Nakad, o programa tem o objetivo de promover uma cultura de paz em ambiente escolar, familiar e social, fomentando uma abordagem baseada no diálogo, na cooperação e no respeito. As oficinas desenvolveram atividades voltadas para a comunicação, emoções, necessidades, reconhecimento do outro, convivência, conflitos e mediação.

    Ao todo, 518 alunos foram beneficiados pela iniciativa, além dos docentes, da equipe técnica e de apoio da escola e das famílias. O programa, resultado de uma parceria entre o TJRJ e a Prefeitura de Petrópolis, também contou com as mediadoras Elaine Medeiros, Maristela Pinto e Débora Castilho. 

    Um dos principais propósitos do programa é formar jovens que possam atuar intermediando conflitos simples antes que se tornem um problema maior, explicou o juiz coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos (Cejusc), Carlos André Spielmann. “Por meio desse projeto, eles ganham protagonismo na solução de conflitos. Eles estão equipados para atuar intermediando situações adversas entre seus colegas e promovendo a pacificação, a responsabilidade e o diálogo. Dessa forma, os problemas menores são resolvidos entre eles próprios sem tomar proporções maiores, como atos de violência.” 

    Violência nas Escolas 

    Segundo dados do 1º Boletim Técnico Escola Que Protege, lançado neste ano pelo Ministério da Educação, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 13.117 estudantes foram vítimas de violência intraescolares em 2023. De 2013 a 2023, foi registrado o total de 60.985 vítimas de violência interpessoal nas escolas. A maior parte dos casos notificados é de violência física, seguida de violência psicológica/moral. Em 2021, quase 40% dos diretores relataram, pelo menos, uma ocorrência de bullying e 15% informaram a ocorrência de discriminação. 

    Números da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) presentes no Boletim também apontam que 39,1% dos estudantes adolescentes já se sentiram humilhados por provocações de colegas da escola ao menos uma vez no mês anterior à pesquisa. A principal motivação do escárnio apontada pelas vítimas foi a aparência do corpo (16,5%), seguida pela aparência do rosto (10,9%), pela raça/cor (4,6%) e pela orientação sexual (2,5%). 

    A Cultura de Paz nas Escolas 

    Após a implementação do programa, a diretora-geral da Escola Municipal São Judas Tadeu, Samea de Carvalho, percebeu uma gradual mudança nas relações entre professores, alunos e funcionários.

    “Todos os professores absorveram o conhecimento da mediação e buscaram reproduzir isso em sala de aula. Nossa escola não é tão violenta assim, mas percebemos como os conflitos diminuíram. O comportamento, a postura dos profissionais, professores e estudantes tem mudado. Já conseguimos ver os alunos se policiando em relação a isso e a cultura de paz se instalando”, destacou.  

    A estudante Isadora Sobreira Quadros, oradora dos formandos de Mediadores Escolar de Pares e integrante do Conselho Escolar, compartilhou como foi viver a experiência da mediação.

    “Foi uma experiência muito interessante me formar como mediadora. Também é uma responsabilidade muito grande, mas estou animada para exercer a função. Esse projeto certamente vai ajudar muito a encontrarmos formas mais colaborativas de chegarmos a um acordo quando surgir algum conflito. O que aprendi aqui também servirá na minha família e em outros lugares que eu for”, concluiu. 

    Isadora Sobreira Quadros, aluna e mediadora escolar.
    Foto: Felipe Cavalcanti/TJRJ

    A ampliação do projeto, com a implementação de atividades complementares de mentoria e supervisão das mediações realizadas pelos alunos encontra-se, atualmente, em análise. Essa etapa visa consolidar as práticas de forma ética, segura e eficaz, em conformidade com a Resolução CNJ nº 125/2010 e com a política institucional do TJRJ de fortalecimento das práticas autocompositivas. 

    Estiveram presentes no evento a representante da Secretaria Municipal de Educação Vanessa Senna, a orientadora pedagógica Berlinda Rodriguez, a diretora da Emedi, Gabriela Valadão; a representante do Nupemec, Patrícia Glycerio; a mediadora Naura Americano; o vice-prefeito de Petrópolis, Albano Filho; as mediadoras Maristela Pinto, Daniella Nakad, Elaine Medeiros e Débora Castilho e professores.

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