• Projeto INcluir realiza ações com o objetivo de tornar Petrópolis uma cidade mais inclusiva

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  • 14/jan 09:15
    Por Maria Julia Souza

    Tirar de casa pessoas com deficiência (PcD’s) e mobilidade reduzida, além de tornar Petrópolis uma cidade mais inclusiva: esse é objetivo do Projeto INcluir Petrópolis, idealizado pelo casal Alessandra Caline e Chen Li Cheng. Atuando na cidade desde 2022, o Projeto de Inclusão Social e Sustentabilidade não possui fins lucrativos e já realizou diversas ações de integração no município.

    Alessandra Caline e Chen Li Cheng, idealizadores do Projeto INcluir Petrópolis.
    Foto: Arquivo Pessoal

    Início das atividades

    Eles explicam que o INcluir Petrópolis surgiu em 2022, com a primeira corrida inclusiva da cidade.

    “Em maio a gente faz dois anos de projeto. Ele nasceu em 2022 por causa das enchentes, quando nós lançamos a primeira corrida de PcD’s. O nosso objetivo era simplesmente só fazer uma caminhada na Rua 16 de Março. Aí com o Projeto ‘Vir a Petrópolis’, fizemos uma corrida e paramos a cidade. Em outubro [de 2022] nós tivemos que formalizar o projeto e desde então passamos a ser uma ONG, uma Associação”, disse Chen.

    Alessandra reforça que a corrida não tem como objetivo competir, mas sim realizar um passeio com triciclos, onde um atleta ou um familiar vai conduzindo o triciclo com o PcD ou a pessoa com mobilidade reduzida.

    “Quando acabou a nossa primeira corrida, as mães perguntaram quando seria a próxima, e a gente ficou olhando um para a cara do outro, porque a nossa ideia não era essa. Depois nós fizemos uma trilha e não paramos mais. Já realizamos o nosso carnaval inclusivo, o primeiro de PcD na nossa cidade, que aconteceu na Rua 16 de Março”, contou Alessandra.

    Empréstimo de equipamentos

    Alessandra e Chen contam que além dos eventos realizados na cidade, o Projeto também empresta equipamentos, como cadeiras de rodas, andador, cama hospitalar e bengalas para as pessoas que necessitam.

    “No empréstimo você não transfere a propriedade, mas a pessoa pode ficar com o equipamento a vida toda, desde que tenha necessidade para ela. Quando não houver mais necessidade, ela nos devolve, a gente faz a manutenção e repassa para outra pessoa. A gente tem uma cadeira que já passou por três meninas. Muitas vezes as pessoas são de situação vulnerável. E quando recebem doação do equipamento, às vezes vale mais a pena para eles venderem [o equipamento] do que ter uma qualidade de vida melhor. Então, com o empréstimo, isso não acontece”, explicou Chen.

    Captação de recursos

    Alessandra explica que os empresários da cidade ajudam a manter o projeto com doações de resíduos, contribuindo nos eventos, e algumas lojas, com doações de roupas de coleções antigas que são vendidas no brechó beneficente do Projeto, que fica no Serra Shopping.

    “Quando as pessoas entram na loja a gente já fala do projeto. Vender é consequência, porque o nosso objetivo é trazer essas pessoas. Então quando você aborda a pessoa quando ela entra na loja, nosso foco é perguntar se conhecem algum PcD. Porque quando a pessoa fala que conhece ou tem na família alguém, é ótimo, pois aí você realmente faz o papel de trazer essa pessoa para perto. Nesse brechó, temos fotos das nossas ações e mostramos os nossos resultados. É legal falar, pois saímos do número de 80 [participantes] e fomos para 300. Isso é uma conquista para a gente, já que estamos conseguindo trazer novas pessoas”, explicou.

    Além dos produtos doados pelos lojistas para serem vendidos no brechó, Alessandra explica que o próprio Projeto também possui seus produtos personalizados, como caneca, camisa e bottons com seus personagens, que falam sobre autismo, surdez e cegueira.

    “E os próprios lojistas vendem na loja deles. Ou seja, sem ganhar comissão, eles abraçam a causa. Então isso é muito legal, porque você faz um movimento de inclusão e de pessoas que também não são PcD’s, mas que querem participar de alguma forma. Isso é o precioso para a gente do projeto, e não estamos falando de dinheiro”, contou ela.

    Veículo elétrico

    Alessandra conta ainda que o Projeto também possui o segundo veículo elétrico que existe dentro do Brasil, com a pegada de sustentabilidade.

    “Esse veículo é o segundo que tem dentro do Brasil: um é aqui em Petrópolis e o outro é no Pelourinho, em Salvador. Ele tem uma rampa acoplada, que quando tem um cadeirante, você abaixa ela [rampa] e o cadeirante vai no seu próprio equipamento com o familiar. Além disso, nesse veículo você tem mais quatro lugares, podendo colocar mais PcD’s ou pessoas com mobilidade reduzida, que são os idosos”, explicou ela.

    Veículo elétrico.
    Foto: Arquivo Pessoal

    O veículo é utilizado de forma gratuita por cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida na cidade, principalmente durante a realização de eventos.

    “Por exemplo na Bauernfest, nós colocamos uma barraquinha vendendo todos os nossos produtos, e divulgando o Projeto para a sociedade. Aí quando chegava algum PcD ou um idoso, a gente colocava no veículo e levava até a Bauernfest, gratuitamente. Isso faz com que as pessoas realmente conheçam mais o projeto e participem mais”, explicou Alessandra.

    “No Natal Imperial, com o veículo nós fizemos o circuito noturno. Você imagina um cadeirante sair da Praça Dom Pedro, passar na Praça da Liberdade e ver as luzes da cidade. Com ele, a gente fez o City Tour no Centro Histórico gratuitamente”, contou Chen.

    Palestras em escolas e empresas

    O casal explica que o Projeto também atua realizando palestras sobre inclusão e capacitismo em escolas e empresas da cidade.

    “Hoje nas escolas a gente já leva palestras falando para as pessoas que não são PcD’s, porque elas realmente não sabem como é esse mundo. Uma das coisas que a gente pergunta para as pessoas é se conhecem alguém com PcD ou se tem alguém na família assim. E muitas vezes o aluno levanta o braço, seja porque ele é um autista, tem um problema de audição ou é cadeirante. E tem aquela maioria que não tem PcD na família”, explicou Alessandra.

    “A educação é inclusiva. Ou seja, a criança não nasce com preconceito, ela adquire o preconceito dentro da sociedade. Então é uma forma de levar educação e a inclusão para a sociedade”, disse Chen.

    Eles explicam que muitas empresas os convidam para dar palestras, por terem PcD’s como cota, mas muitas vezes não sabem como conduzir internamente. Além disso, eles contam que muitas organizações entram em contato com o Projeto para que procurem PcD’s que possam trabalhar nos locais.

    “A própria empresa não sabe que tipo de PcD’s que podem trabalhar naquela função. Porque não adianta você contratar um PcD se a função também não está adequada a ela. Não é só você cumprir a cota, você tem que dar as condições adequadas para a pessoa trabalhar. Não adianta estar com o emprego se não tenho as ferramentas ou ambiente adequado para que eu possa desenvolver as minhas atividades laborais”, explicou Chen.

    “Então a gente já conseguiu empregar algumas pessoas com deficiência que queriam tanto trabalhar, mas nunca tiveram essa oportunidade”, disse Alessandra.

    Obelisco iluminado no Dia Mundial das Doenças Raras

    No dia 28 de fevereiro do ano passado, Dia Mundial das Doenças Raras, o Obelisco em Petrópolis, foi iluminado com as cores que representam as doenças raras. No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor também teve a iluminação especial.

    “O desafio das doenças raras é comemorado no dia 29 de fevereiro. Porém no ano passado, a data caiu no dia 28 por ser um ano bissexto. Aqui no Brasil, somente o Rio e Petrópolis conseguiram fazer a iluminação de um monumento com as cores da doença rara”, contou Chen.

    Ações futuras

    Alessandra e Chen contam que ainda estão definindo o calendário de eventos para este ano de 2024, mas que a trilha e a corrida, que já entrou no calendário oficial do município, já estão garantidas nesse ano.

    “Houve uma mudança na Secretaria de Esportes, mas a gente estava fechando acordo para na Rua do Lazer [na Barão do Rio Branco], a gente disponibilizar os triciclos para os familiares que tenham PcD’s utilizar. O outro objetivoé fazer um Campeonato Municipal de Tênis de Campo para PcD’s. Estamos pensando para o mês de abril, mas nada ainda de concreto”, disse Chen.

    “A gente vê cada dia mais o quanto nós (sociedade) juntos podemos fazer em prol de todos e realmente as pessoas se sentirem incluídas, independente de ter deficiência. Para gente, uma coisa que também é muito gostosa é uma pessoa que não tem deficiência nenhuma, não tem familiar deficiente, mas que quer participar de alguma coisa, quer fazer algo junto conosco, porque ela também quer se sentir incluída, nesse amor e nessas ações. Isso é servir o coletivo”, finalizou Alessandra.

    Mais informações sobre as ações e como ser um voluntário do INcluir Petrópolis podem ser obtidas no Instagram do Projeto.

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