Projeto de revitalização da Catedral é considerado inovador pelo Iphan
Inaugurado na última semana, o projeto de revitalização da Catedral São Pedro de Alcântara é considerado inovador pelo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além da obra de reforma, que vai garantir maior durabilidade da estrutura do templo, o projeto aprovado pelo Iphan, investiu em sustentabilidade e adaptabilidade para preservação do patrimônio. Em conversa com a Tribuna, na última semana, o superintendente do Iphan, Olav Schrader e o diretor do escritório técnico em Petrópolis, Thiago Fonseca, disseram que a preservação dos bens tombados em Petrópolis estão seguindo modelos já adotados em outros países, para melhor uso do espaço ao mesmo passo que garante a sua conservação.
No projeto foi executada a estabilização do prédio, que foi danificado com a chuva de 1988, garantindo maior durabilidade. “Se não tivesse sido feito esse procedimento a catedral ficaria comprometida, foram abertas trinchas de 6 metros de profundidade, foi inserido concreto lá dentro. Além disso, foi amarrada a fundação de um lado da igreja. E foram refeitas as fundações do muro da parte da frente. E após a chuva (deste ano) o nosso temor era de que uma situação análoga tivesse aparecido, mas os testemunhos de gesso que foram colocados aqui que justamente medem essa movimentação mostraram que a obra funcionou e que a catedral não se moveu durante as chuvas nem no dia 15 (de fevereiro) e no dia 20 (de março)”, explica o diretor técnico Thiago Fonseca.
Outra novidade foi o gradeamento no entorno do templo, que tem a intenção de proteger o patrimônio de casos de vandalismo, já comuns e frequentes em Petrópolis. ”Em uma visão purista, limparia a Catedral e deixaria ela exposta correndo o risco para, em questão de horas, aparecer pichada. Mas essa regra purista não ajuda na conservação do bem, então foi sob gestão do Thiago que houve esse bom senso para entender que, justamente para proteger o bem, tem que ter adaptação à realidade e a nossa realidade aqui seria, infelizmente, depois de tanto trabalho, sofrer vandalismo”, disse o superintendente Olav.
Na inauguração na última semana, também foram abertos os espaços para visitação. Agora, os fiéis e visitantes poderão conhecer uma parte da catedral que os olhos nus não veem. Na parte superior foi implantada uma passarela que dá acesso às cúpulas, há ainda o acesso ao terraço que proporciona uma visão ampla na Avenida Koeler e Praça da Liberdade. Esse espaço é um tour diferenciado, na lógica do turismo sustentável.
“A gente tem ainda a dificuldade muito grande de trazer o quesito de sustentabilidade que é tão usado na nossa área ambiental para nossa área patrimonial. Esse circuito vai ajudar na manutenção e conservação da igreja, ou seja, o bem começa a se autoconservar a ser automanter através da exploração cultural virtuosa que ele mesmo cria, então esse é o modelo a ser seguido no nosso país, que outros países já adotam amplamente, isso vai garantir a perenidade do bem”, explica Olav.
“Um dos requisitos do Pronac é dar uma contrapartida cultural, aqui, foi imaginado um circuito de visitação que inclui a torre e a cobertura é uma coisa muito especial e a gente quase não vê. A gente tem a oportunidade de ver nos países no exterior pelo menos a torre, mesmo a cobertura é uma coisa muito difícil de se visitar. E aqui eles conseguiram, o projeto conseguiu aproveitar a estrutura já existente para fazer o circuito. Isso é muito rico, muito importante e muito pouco explorado, é uma ação quase que pioneira”, disse Thiago.
Iphan dá continuidade a atualização das Portarias
Um grupo de trabalho formado em 2019, dá continuidade à atualização das portarias do Iphan. A portaria que trata do tombamento em Petrópolis está em vigência há mais de 10 anos e não passou por atualização. Uma preocupação antiga e que, quando concluída, pode representar um marco histórico para a preservação do patrimônio histórico em Petrópolis. Para o superintendente do Iphan, Olav Schrader, além dos mais de 1 mil imóveis e propriedades do seu entorno, o Conjunto Urbano e Paisagístico da Cidade são um desafio enorme para o órgão, e por isso é importante a revisão da normatização.
“A gente está revendo a normatização também para trazer celeridade, mais transparência, previsibilidade, segurança jurídica, que é uma coisa que todo país civilizado busca, esse aprimoramento de órgãos mais transparentes, eficientes e dando maior segurança jurídica. Esse é um grande desafio que a gente vem superando e espero que em breve vamos poder concluir”, disse Olav.