Projeto África Fest resgata história do negro
O Dia da Consciência Negra é comemorado hoje no Brasil, 20 de novembro. Essa também é a data da morte de Zumbi dos Palmares, um escravo que foi líder do Quilombo dos Palmares e simbolizou a luta do negro contra a escravidão que sofriam os brasileiros de raça negra. A data foi incluída em 2003 no calendário escolar nacional. Contudo, somente a Lei 12.519 de 2011 instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Em Petrópolis, o projeto África Fest 2017, criado pelo professor de história Nilson Siqueira da Silva, pretende resgatar a importância histórica dos negros no Brasil e na construção de Petrópolis.
O projeto África Fest foi aprovado pela Câmara dos Vereadores em maio deste ano. Agora, Nilson espera que o projeto seja sancionado pela Prefeitura. “A intenção é fazer um resgate dessa história dos negros que poucos conhecem. A festa será bianual e a cada edição homenageará um país, deixando um legado histórico para a cidade. A festa vai enfatizar os pontos culturais, políticos e econômicos que fazem parte dessa história. Muitos não sabem, mas, por exemplo, Quitandinha é um nome africano. O Palácio de Cristal já foi um quilombo. Temos o quilombo do Tapera em Petrópolis. Os negros construíram a Igreja do Rosário, o Barão de Guaraciaba era negro e morou no Palácio Amarelo, onde hoje funciona a Câmara Municipal e não tem nome dele nem em uma rua em Petrópolis. Nilo Peçanha era mulato, mas ninguém fala isso. Esses são exemplos de uma história que precisa ser resgatada”, disse o professor Nilson.
Ainda de acordo com Nilson, a intenção da festa é trazer alguns profissionais de nível nacional e internacional que atuam nas questões culturais, de saúde, política e educação para ministrar palestras. Há a intenção também de realizar uma semana de degustação num carro gourmet e shows musicais, além da realização de um fórum de debate público nas áreas de saúde, segurança e emprego.
Nilson é graduado em história, filosofia e sociologia e atua como professor. Segundo ele, a importância do negro na construção da identidade brasileira ainda é tratada com preconceito. “Alguns professores se negam a falar sobre a história do negro. Temos que trazer essa discussão para a nossa realidade e fazer esse resgate histórico. O racismo foi estabelecido como um sistema administrativo no Brasil e a cultura africana está presente no mundo inteiro. Em Petrópolis, por exemplo, em uma época, negros não entravam nos clubes”, disse.
Programação da Casa Cláudio de Souza – Amanhã, dia 21, terá início a Semana da Consciência Negra, organizada por Adriana Rangel e Pedro Fernandes. O evento é gratuito e aberto ao público, das 16h30 às 22h, com o tema “Reflexões quanto ao Dia da Consciência Negra”. A abertura será às 17h com o dançarino Antonio Esteves. Às 17h20, Adriana Rangel, presidente do Movimento Beleza Negra, Pedro Fernandes, presidente da União dos Negros de Petrópolis, e José dos Santos, pioneiro no trabalho voltado à população negra na cidade de Petrópolis, darão uma palestra que falará sobre “Reflexões quanto ao Dia da Consciência Negra”. Já às 18h, Reginaldo Marçal, pesquisador da Doença Falciforme, ministrará a palestra “Quebrando os mitos quanto a doença que afeta a população negra”. Às 19h, “A mídia e o negro como protagonista” será tema da palestra com Ariel Barbosa, artista e produtor cultural. Às 19h30, a professora e mestre em Educação, Juliana Fecher Winter e as estudantes Isabella Valentin e Brenda Júlia Sabino, falarão sobre a importância da História da África na formação escolar e as experiências vivenciadas, com a palestra “A contação de história Afro Brasileiras nas séries iniciais e a formação da identidade”. Às 20h, Adriana Souza, educadora, cantora e artista profere a palestra “O que carrego na cabeça”.