Projeção para IPCA 2023 no cenário de referência está em 4,0%, aponta RTI
O Banco Central (BC) manteve suas estimativas de inflação para anos de 2022 a 2024 no cenário de referência, que utiliza juros conforme o Relatório de Mercado Focus e câmbio atualizado de acordo com a Paridade do Poder de Compra (PPC).
Este cenário indica um IPCA de 8,8% para este ano, 4,0% no próximo e 2,7% em 2024. Essas projeções constaram na ata e no comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). O cenário, porém, não considera o efeito das medidas tributárias propostas pelo governo para baixar os preços de itens essenciais, como combustíveis e energia. No mercado, a aprovação da limitação da cobrança de ICMS para esses produtos a 17% ou 18% tem provocado revisão de baixa forte para 2022, mas de alta para 2023.
As informações constam no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 30. A publicação, originalmente, deveria ter sido feita no dia 23, mas, devido à greve dos servidores do BC, foi adiada para hoje, prazo final. No dia 23, o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, antecipou alguns números do RTI em coletiva de imprensa.
A estimativa para 2022 encontra-se muito acima da margem de tolerância da meta (3,50%, com 1,50 ponto porcentual de banda para mais ou menos), enquanto, para 2023, está no meio do caminho entre o centro (3,25%) e o teto (4,75%). Para 2024, a meta é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1,75% a 4,75%).
Segundo as estimativas divulgadas pelo BC no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), as medianas do Boletim Focus estavam em torno de 8,5% para 2022, 4,7% para 2023 e 3,25% para 2024, considerando como data de referência o dia 10 de junho.
O Banco Central também divulgou no RTI suas projeções de inflação de curto prazo, que abarcam os meses de junho a agosto. A previsão do BC para o IPCA (o índice oficial de inflação) para junho é de 0,81%. Já a projeção para julho é de 0,84% e, para agosto, de 0,33%. As informações já constavam na apresentação feita pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, na quinta-feira passada (23), que antecipou alguns dados do RTI.
Estouro do teto da meta
O Banco Central informou hoje que, em seu cenário de referência, a probabilidade de a inflação de 2023 ficar acima do teto da meta, de 4,75%, está em 29%. Já a probabilidade de a inflação ficar abaixo do piso da meta em 2023, de 1,75%, é de 5%.
Para este ano, a probabilidade de estouro do teto de 5,00% da meta é de 100%. Já a possibilidade de estouro do piso de 2,00% da meta é inexistente, de acordo com o documento.
Em horizontes mais longos, o BC calcula para 2024, a probabilidade de estouro do teto de 4,50% da meta é de 10%. Já a possibilidade de estouro do piso de 1,50% da meta é maior, de 19%.
Para 2022, a meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,00% a 5,00%). Para 2022, a meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1,75% a 4,75%). Já para 2024, o objetivo é de 3,0%, com tolerância de 1,5% a 4,5%. As informações constam do RTI.