Profissionais mais velhos relatam preconceito de empresas
Marilisa Salvi trabalhou durante 27 anos com carteira assinada em vários setores, de moda à indústria metalúrgica. Mas hoje, aos 57 anos, não vê benefício em tanta experiência. Formada em administração de empresas e engenharia de produção, ela está desempregada há dois anos e meio, apesar de procurar incansavelmente por uma oportunidade. Atualmente, tem sobrevivido com a venda de roupas pela internet.
“Só vejo portas fechadas. Para algumas empresas, a experiência e a bagagem são vistas como vícios adquiridos e que podem atrapalhar na adaptação e dar maus exemplos a funcionários mais jovens”, diz ela. Além disso, o preconceito contra o trabalhador mais velho é escancarado. Marilisa diz que já cansou de ouvir de recrutadores que a vaga é para pessoas mais jovens. Mesmo que não falassem abertamente, os requisitos já mostram isso: “Exigem experiência com novas ferramentas de trabalho que não conheço”, diz ela.
Habilidade digital
Alberto Moraes, de 63 anos, entende bem esse ponto. Há três anos desempregado, ele reconhece que não tem habilidades digitais. “O máximo que sei mexer é word”, diz ele, que começou a trabalhar aos oito anos de idade como engraxate na frente do antigo Cine Clipper, na Freguesia do Ó, em São Paulo. Moraes não é aposentado, apesar de ter pago o INSS por anos. “Fui vítima de um contador estelionatário que dizia pagar as guias, mas não pagava.”
Durante 20 anos, foi dono de uma oficina mecânica na Lapa, mas por questões de saúde não pode mais fazer esse tipo de trabalho. “Sinto-me extremamente limitado para atividades que exigem força e muito movimento”, diz ele, que busca alguma colocação na área administrativa.
Moraes conta que tem participado de concursos públicos e tido boas colocações. “Mas ainda não consegui uma vaga. Continuarei tentando”, diz ele, que hoje conta com a ajuda de parentes e amigos para se sustentar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.