Profissionais de Teresópolis são capacitados para atuar na prevenção de riscos causados por eventos extremos
Teresópolis é o primeiro município fluminense a participar de um projeto-piloto para a prevenção de agravos à saúde causados por eventos extremos como enchentes e deslizamentos. A iniciativa da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), em parceria com a Prefeitura, propõe uma gestão de risco de desastres com a participação de agentes comunitários de saúde. A proposta é que eles atuem seis horas antes de grandes eventos climáticos, reduzindo perdas de quem tem dificuldade de locomoção, como cadeirantes, gestantes, ou pessoas com problemas de visão, audição e fala.
Para isso, o Centro de Inteligência em Saúde emitirá alertas sobre eventos adversos ao município, que acionará os agentes comunitários para entrarem em contato com os grupos vulneráveis cadastrados. O treinamento começou na última quarta-feira (14), no auditório da SES, no Rio Comprido. Dois simulados já estão programados para a Região Serrana.
“Os Agentes Comunitários são os personagens principais deste projeto-piloto que é uma ação preventiva contra os efeitos das chuvas. Estamos criando um ambiente novo de política pública de gestão integrada para atuar de forma antecipada e coordenada contra os fatores de risco para salvar vidas”, afirmou a secretária de Estado de Saúde, Cláudia Mello.
O primeiro passo para a implantação do projeto foi a capacitação de 35 agentes. Na próxima segunda-feira (19), acontecerá o treinamento do segundo grupo. Na sessão desta quarta, foram passadas informações sobre o G20 (Fórum Mundial de cooperação econômica que será realizado em novembro no Rio), que terá as mudanças climáticas como tema central.
Também foram abordados os seguintes temas: “O papel da Atenção Primária à Gestão dos Riscos de Desastres”, “O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) e as Tecnologias de Antecipação da Ações de Respostas”; “A Atenção Primária à Saúde no Contexto das Cidades Resilientes”; “Suporte Básico de Vidas”. Os agentes conheceram ainda o Centro de Inteligência em Saúde (CIS) da SES.
Para o assessor especial do Gabinete da Secretaria de Saúde, o coronel Bombeiro Sérgio Simões, os agentes comunitários fazem a promoção em saúde em seu dia a dia e possuem uma relação de confiança com a comunidade para realizar o trabalho.
“Acredito no papel de protagonismo dos agentes nas ações de proteção em uma fração de seu território. São braços importantes que podem salvar vidas face à ocorrência de eventos climáticos severos. A chuva forte é um agravo à saúde e, em uma noite, pode matar centenas de pessoas. A capacitação é importante na execução dessa tarefa”, destacou Sérgio Simões.
O secretário de Defesa Civil de Teresópolis, Albert Luci de Andrade, disse que o trabalho dos agentes será bem aceito, já que são profissionais que contam com a confiança da população nas comunidades. “É um projeto de grande relevância, principalmente para nós que já fomos assolados por grandes chuvas. Tenho certeza que ele será bem aceito nas localidades e as informações passadas pelos agentes de saúde ajudarão a salvar vidas, pois eles sabem onde estão as pessoas com dificuldades de locomoção”, explicou o secretário de Defesa Civil de Teresópolis.
Centro de Informações Estratégicas monitora eventos adversos
O alerta para gestão de risco de desastre funcionará da seguinte maneira: o Cievs da SES, responsável pelo Programa de Vigilância de Riscos Associados aos Desastres (Vigidesastres), emitirá alerta à coordenação de Atenção Primária de Teresópolis por e-mail e aplicativo de mensagem, que repassará a informação ao agentes de saúde. Eles acionarão os moradores por telefone para deixarem suas casas. Carros serão mobilizados para levar as pessoas com dificuldades de locomoção para casas de parentes, igrejas, escolas e ginásios esportivos.
Em 2024, o Cievs emitiu 177 alertas sobre calamidades naturais no estado. As principais ocorrências foram para chuvas intensas, deslizamentos e risco de inundações em canais e rios. Foram eventos que deixaram 37.702 desalojadas, 1.724 desabrigados e provocaram 31 mortes. Em Teresópolis, neste ano, foram registrados 605 desalojados, 46 desabrigados e 2 mortes.
Testes simulando resgates de moradores serão feitos
Dois simulados estão programados para Teresópolis, com locais e datas ainda a serem definidos pela prefeitura. O objetivo é planejar as ações preventivas de socorro aos moradores com dificuldade de locomoção ou deficiência, preparar resposta rápida e reduzir o impacto dos eventos climáticos nos grupos.